COSTELÃO DE NOVILHA

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A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Nova modalidade de ESCRAVIDÃO?



Terceirização, menor aprendiz, primeiro emprego, agência de empregos
 - Nova modalidade de ESCRAVIDÃO?

Em que difere a escravidão clássica com as outras práticas que se seguiram? Senão vejamos. Os escravos tinham roupas (muitas vezes parcas, restos e em alguns casos, uniformes), comida (restos de refeições para os de dentro de casa, restos não aproveitáveis de colheitas ou abatedouros - miudos de bovinos e ovinos que não eram aproveitados pelos patrões) e abrigo contra o frio. Não tinham salário que propiciasse uma melhora de vida. Aliás por lei não podiam melhorar de vida.
Terminou-se com a escravidão. Fazendas de Café e Cana, conseguiram com o governo, mão de obra barata com a imigração! Mudou o contrato, mudaram as regras. Os oriundi recebiam uma porção de terra emprestada para que plantassem o seu sustento alimentar. Roupas eram de sua alçada. As casas, cada um fazia a sua. O seu dono só dava as árvores para que pudessem materealiza-las. O salário era a meação quando era a metade - normalmente uma percentagem ínfima, que se estende até os dias de hoje. O que não deu certo e os "colonos" conquistaram certa independência? Eles tiraram mais que o sustento alimentar de suas pequenas porções de terra. Produziram coisas que as grandes propriedades não produziam e o excedente vendiam para o próprio fazendeiro ou para comerciantes e atravessadores. Assim o básico para sobreviver tiravam da terra, os ganhos de produção sobravam todos! Aos poucos amealharam condições de se tornarem independentes e fugiram desta nova escravatura. Foi um erro de estratégia não previsto na Parceria.
Fazia-se mister nova escravatura. Veio com a industrialização e estendeu-se ao AGRO É POP em forma de contrato de trabalho, de início livre, sem peias que fizessem do trabalhador assalariado um ser livre. Ao invés de senzalas, cortiço. O salário irrisório, não contempla todos seus anseios mais primitivos como alimentação justa, vestimenta condizente, educação libertadora. Aliás esse quesito sempre foi focado para o suprimento de mão de obra voltada para as necessidades da indústria e comércio. Com o advento da mecanização massiva do AGRO É TUDO, os sistemas "S" supriram de forma a não faltar mão de obra qualificada. Tem-se o escravo com um salário mínimo que não cobre suas necessidades mínimas, mas com a qualificação certa para os empreendedores! Veio a regulamentação como uma lava mundial e o País teve que adaptar-se. Mudou pouco. Criaram-se os postos de trabalho diferenciados (variação dos capitães do mato - em minha vida profissional de Recursos humanos me deparei, enfrentei e conheci muitos). Criaram-se as hierarquias. Chefetes de setor, Gerentes de áreas, diretores disso e daquilo. Cada um com sua qualificação que lhe dá poderes de vida ou morte sobre os novos escravos logo abaixo de si. Vejam a lucidez da frase: "O sonho do oprimido é tornar-se opressor". Quanta verdade! Quem não almeja um cargo de chefia pra fazer o que não pode com subordinado?
A cada investida dos investidores, criam-se novos escravos.
O salário mínimo já é baixo. Imagine no estágio e primeiro emprego que os salários são abaixo do mínimo e as exigências para serem aprovados são as mesmas que os escravos-padrão? Ah tem também em outros níveis. Nos níveis em que serão moldados os novos capitães do  mato: os terríveis treinees! Os mais aquinhoados sendo treinados para a inefável tarefa de ter poderes de vida ou morte dos subordinados (leia-se escravos de todos os níveis).
Chegamos à agências de empregos, parecem aqueles pregões de escravos de antigamente, só eletizados. Anúncio de 1800 e antigamente: alugo pretinho para todo o serviço. Anuncio atual, muda o enfoque, quem precisa é que anuncia: preciso de pretinho/branquinho/amarelinho/vermelhinho (abriu o leque) para todo o serviço! SALÁRIO MÍNIMO! Isto é as condições de sobrevivência para que consiga levar suas tarefas em frente sem dar muitas despesas.
Chegamos à terceirização. Praga que vende a promessa de libertação da força trabalhadora. Não sei se serviços de limpeza são utilizados pelas empresas particulares (acho que não). Empresas públicas sim. Vamos analisar. São os menores salários de uma empresa. Seja pública ou privada. Não há menor salário. Então criaram-se empresas que trabalham nessa área e pagam o mesmo salário com os mesmos encargos sociais. Estas empresas tem que ter lucro. Então salário + encargos + lucro > salário + encargos na empresa! É matemática. Os gerentes políticos da coisa pública dirigem para os seus, os lucros disso tudo. E tem mais na mesma medida. Fui trabalhar para uma empresa terceirizada. Tive que abrir uma empresa individual e com isso todos os encargos sociais passaram a ser meus. Com um detalhe o salário era a metade do que poderia receber na empresa original. A terceirizada tinha o lucro que os encargos (+- 100%) não contabilizados ficavam com ela...
E assim "la nave vá"!
Com a generalização para todos os cargos (coisa que já acontece - vide o meu caso) todos podem ter seu salário comido pela metade e o seu padrão de vida voltar a ser o que era em 1930. Claro, sempre há outras possibilidades: a flexibilização via acordos com sindicatos pelegos que serão superpostos à legislação trabalhista ainda em vigor!
Se você não sabe, lhe digo: frente ao capital, você sempre será um escravo com ou sem regalias!