COSTELÃO DE NOVILHA

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A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

domingo, 16 de abril de 2023

Lula é contra o AGRO?

 É textão. Pra gente que quer ser bem informada, independente de posição política.

Inicio dizendo que tenho parentes e amigos que se dedicam a tirar da terra seu sustento. Seja por pequenas produções variadas, seja por produções extensivas e monocultivadas. Muitas vezes tenho ouvido dessas pessoas, que Lula, e consequentemente o PT e quem a ele se alinha, é contra o agro.
Década de 1960.
Eu conheço a história da Soja. Como foi a implantação da Soja no RS e na minha região - noroeste do estado - e vi com meus olhos a agricultura familiar pujante produzindo praticamente tudo que uma família precisa se transformar em monocultura de escala. Conversei com agricultores que se endividaram nos bancos comprando os equipos necessários para essa atividade. Como não tinham produção em escala suficiente, perderam suas terras os as venderam para escapar das dívidas. Um caso que me chamou a atenção, foi o relato de um agricultor que tinha apenas 10 hectares e financiou um trator para plantar soja. Terminou com horta, chiqueiro, mangueira, vendeu os animais pois tudo que precisasse a cooperativa tinha. A plantação começava na porta de casa. Restos que ainda tinha de mato e pomar, derrubados.
Desorganização geral dos agricultores que viam suas terras leiloadas pelos bancos ou vendidas a preço vil para lindeiros. O que mais se ouvia, era que com o valor de um hectare compravam muitos mais no Paraná, Matogrosso e Goiás. Como gafanhotos, as matas foram derrubadas e o fogo se alastrou no Oeste do RS, SC e Cento-Oeste do País.
Junto com proprietários de terras alagadas por represas de Hidroelétricas, essa desorganização foi um gerador do famoso êxodo rural que inflou as cidades e gerou um punhado de sem-terras.
Década de 1970/1980.
Ditadura a pleno, o ufanismo inconsequente geraram crises agrícolas onde os agricultores com perdas em safras se viam endividados sem apoio nenhum do Governo. Junte-se os agricultores especuladores que pegavam empréstimos para financiar a safra e compravam apartamentos na capital e nas praias do RS e SC. O Bordão do governo de João Figueiredo era "Plante que o João garante", levou muita gente ao desespero pois nada era garantido.
Década de 1990.
A redemocratização pouco melhorou a situação. Sem estoques e política econômica fundamentada em pouco incremento salarial para empregados em geral, e restrição de livre mercado para os produtos agrícolas, desindustrialização via abertura para produtos made in China acarretou diminuição do meio circulante, restrição de crédito e consequentemente mercado interno diminuído. e o mercado externo incipiente ainda. Soma-se a isto o golpe fatal dos empréstimos em dólar que no princípio do segundo governo do Fernando Henrique de um toque só sugou para os bancos, 30 % em cada empréstimo.
Década de 2000.
Se havia fome, não havia consumidores para os bens produzidos pela agricultura. Começava a a deslanchar a parceria com a China com exportações de Soja, produtos suínos e Frango. Iniciava-se a expansão da soja no Centro-Oeste brasileiro. Com isso os transtornos da infraestrutura de exportação tinha enormes gargalos encarecendo nossos produtos. Normalmente dependente do porto de Santos e de Rio Grande para escoamento, os gargalos rodoviários eram notícia por semanas na mídia.
Governos do PT.
Iniciou-se a construção da ferrovia Norte-Sul com ramais para os novos portos no Pará e no Nordeste. Desafogou-se o escoamento. Só não atingiu melhoramentos no Sudeste e Sul pela interrupção fraudulenta do governo Dilma. A CONAB foi fortalecida com condicionantes voltados para o mercado interno e sem prejuízo para os produtores. Garantia, via seguro, da safra. Aqui um adendo que um amigo me colocou: se você não compra a semente de produtores que detém as patentes das transgênicas, o seguro não cobre. Vamos esmiuçar. Quem fez esta foi o Congresso Nacional composto por uma quantidade enorme de deputados e senadores vinculados ao AGRO. O Crédito subsidiado e juros da SELIC mais baixos para aquisição de equipos cada vez mais modernos, auxiliaram no aumento da produtividade. Basta ver as séries históricas de produção e hectares plantados para sentir a alavancagem que o Setor Agrícola teve nesse período. O Agro que se jacta de ter tecnologia, deve muito, mas muito mesmo para as Empresas de pesquisa Estatais que correram o risco de desaparecer nos governos fatídicos que se seguiram.
Período pós impedimento de Dilma.
Desmonte do arcabouço de estocagem, via CONAB, de produtos para garantir abastecimento interno. Financiamento de safra equivocado e caro pela libertinagem sem fundamento dos juros SELIC, o que encarece o crédito, inclusive o agrícola. Sucateamento das Empresas de pesquisa agropecuária via cortes nos orçamentos.
Volta da fome e consequentemente diminuição do mercado interno consumidor dos produtos agrícolas. Varejo de alimentos com altas inexplicáveis, abusivas e sem controle.
Posicionamento do Presidente da República.
Lula em seu discurso, colocou com todas as letras, que as políticas de apoio ao setor agrícola continuarão. Salientou que não há necessidade de expansão de área plantada via desmatamento, basta recuperar áreas degradadas e teremos condições de continuar a quebrar recordes de safra.
EM NENHUM MOMENTO SE POSICIONOU CONTRA O TAL DE AGRO.
Quem viu outro posicionamento deve ter dado ouvido às tias do zap.
Fonte: Time Line da minha vida, ou seja ouvi com meus ouvidos, vi com meus olhos que a terra comerá e digeri com a inteligência que me acompanha pela vida afora.