COSTELÃO DE NOVILHA

COSTELÃO DE NOVILHA
A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

sábado, 31 de maio de 2014

O meu complexo é de pedigrii!


Hoje troquei  minhas fotos no face book. Na do perfil coloquei uma dos anos oitenta quando ainda trabalhava e era muito atuante nas greves que foram feitas na empresa. A da capa é atual e retrata um momento impar da expectativa da chegada da primeira neta. Porque fiz este conjunto? Dou-lhes a explicação.
Quando tirei meu primeiro título nos idos de 1965, me foi furtado o direito de escolher meus representantes do cargo maior no Estado e no Pais. Em certos momentos, cidadãos que  elegi foram cassados pura e simplesmente por que não coadunavam com o regime imposto. Ao me transferir para Porto Alegre, muitas vezes tive que fugir de balas perdidas de verdade (não de borracha como hoje) e de baionetas (hoje não é mais usado) que não escolhiam alvos. Isso quem  continuou morando no interior, nem ficava sabendo pela censura que havia. A busca por emprego era uma luta a cotoveladas pois os candidatos eram muitos. O salário por conta disso, eram irrisórios. Faziam de contas que havia planos de carreira e o que mais cerca a relação humana dentro de empresas.  Muitas empresas, hoje enormes, foram desenvolvidas em cima deste pressuposto: mão-de-obra farta e barata. Ou baixava-se a cabeça e agarrava-se tenazmente no emprego ou penava uma busca infrutífera por meses e meses de emprego que não chegava. Passei por isso duas vezes apesar de ter bom conhecimento e bom relacionamento em de Recursos humanos, área em que atuava.
Passei por vários “roubos” oficiais nos planos econômicos mirabolantes que sempre favoreceram o status quo empresarial e quem pagava o pato era sempre a classe trabalhadora. Mesmo na reposição de perdas perdeu-se muito dinheiro. O último já na era pós-Collor surrupiou de produtores rurais e trabalhadores favorecendo, como sempre o setor empresarial.
No item segurança, a violência cresceu com inchamento das cidades por conta da concentração de terras nas mãos de poucos. Explico. Com o advento das monoculturas, os colonos (assim chamavam-se os produtores rurais de hoje) os colonos endividavam-se devido ao tamanho da terra que não comportavam a monocultura (só é rentável a partir de certo número de hectares) e perdiam-na para os bancos ou vendiam para vizinhos em melhor situação concentrando a posse da terra em mãos de poucos. Na região de Ijuí-RS é  difícil encontrar propriedades de 25 hectares como existiam até início da década de 1960. O início e incremento das favelas deu-se no período ditatorial sem que houvesse qualquer movimento por parte dos governos para melhorar. Déficit de emprego, salário e falta de perspectivas aliado ao financiamento de poderosos permeados no poder, alavancaram o tráfico de entorpecentes.   
O salário mínimo era arrochado para que não houvesse rombo na previdência. Nas aulas de economia que tive, houve um professor que proferiu uma pérola: se aumentasse o salário mínimo o resultado macroeconômico seria catastrófico com falta de alimentos.  Duas assertivas que quando postas à prova com a nova lei do Salário mínimo, fracassaram como verdades!
A saúde era precária. Morria-se mais facilmente. Meu pai por falta de recursos que hoje existem morreu com apenas 59 anos. Certamente, como eu, ganharia sobre-vida vivesse hoje.
 Remédios só comprando-os e sempre com preços muito altos como sempre foi. 
A saúde pública não cobria todos os procedimentos, tanto que até hoje ainda o Ministério da Saúde os incorpora em procedimentos normais do Sistema Único de Saúde.
A educação era escassa. Somente famílias interessadas em que o filho estudasse conseguiam mesmo com dificuldades, fazer que isso acontecesse. Ir ao colégio com temperaturas  beirando a zero, com um chinelo ou sapato sem meia, um calção de saco costurado pela mãe e um casaco leve.
Só existiam cursos técnicos de segundo grau gratuitos, os segundos graus preparatórios para as universidades eram chamados de Científicos e eram pagos. As universidades federais eram em cidades longínquas, mesmo com as batalhas dos vestibulares vencidas, as dificuldades econômicas  não permitiam que remediados (classe que hoje não consigo enquadrar) frequentassem, quem diria os pobres que batalhavam para viver. Já na infância olhava com inveja os filmes norte-americanos em que os alunos iam para a escola em ônibus escolares.
Merenda escolar era muito rara. Dia que tinha uma sopa floculada que não dava para identificar o que existia nela, era uma festa. Ou um mingau que não conseguíamos distinguir o sabor.
Mesmo no período do Brasil governado pelo  Dr.  Fernando Henrique Cardoso que, diga-se de passagem teve tudo para melhorar essas condições, nada se fez e em alguns casos suprimiram-se recursos para a educação, e saúde que sucateadas, estiveram à beira de serem privatizadas como o foram no Chile. Nada foi feito com respeito à segurança. 
Porto alegre, lembro bem, convivia com muitos pedintes nas esquinas das vias principais. Favelas aos montões, cidade estagnada. Industria da Construção estagnada. Grandes Construtoras quebrando deixando  adquirentes sem nenhum respaldo.
Mesmo com esse quadro em que passei 5/6 de minha vida sempre esperei pelo melhor. Sabia que o Brasil não era isso e que era sim possível resolver paulatinamente os problemas que relatei. Aliás o relato é isso, relato. Sem sentimentos de ódio ou rancor pois acho que devíamos passar por isso mesmo para dar valor aos ganhos que viriam neste atual milênio.
Em nenhum momento usava as expressões preconceituosas que vejo serem usadas hoje contra a pátria em que vivo hoje muito melhor que vivia anteriormente.
Há muito o que fazer, sim. Paulatinamente. Criteriosamente. Usando uma palavra corrente: com sustentabilidade.
Há uma assertiva que aparece ciclicamente nas redes sociais só erra quem, pelo menos, faz alguma coisa! Quem nem tenta, não errará nunca.
Não preciso explanar o que modificou nestes últimos anos. Todos acima de dez anos sabem como estão os pontos citados. Como exemplo, cito uma passeio que estava fazendo por uma rua quase rural da minha cidadezinha quando vi uma porção de crianças, vestidas com todas as peças de vestuário, com mochilas cheias de livros (grátis) e cadernos em uma parada de ônibus esperando o escolar. Perguntei a varias delas sua mãe recebe o bolsa-família? Todas recebiam (o bairro é extremamente pobre e fruto de uma invasão). Estavam lá alimentados vestidos, iriam e voltariam de busão como me disseram que estavam esperando. Outro exemplo é a dificuldade de encontrar mão-de-obra para o que quer que seja. Bom, não é? Significa desenvolvimento. Significa evolução. Significa melhoria social. Significa cidadania plena e não teórica.
A escola em tempo integral já é uma realidade em todo o país com previsão de 60 000 escolas nesse formato:
“A meta do Mais Educação para 2013, de 45 mil unidades educacionais, foi superada e o total alcançado foi de 49 mil escolas. Para 2014, está previsto o atendimento em 60 mil escolas. É considerada educação integral a jornada escolar com sete ou mais horas de duração diária.” Fonte: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20264:censo-escolar-revela-aumento-de-matriculas-em-tempo-integral&catid=211&Itemid=86


Agora explicando:
A foto que postei na capa do Face, retrata a linha mais extensa de minha descendência com minha neta agora já nascida. Não quero para minhas filhas e para minha neta, que o Brasil retroaja o mínimo que seja. Se possível, e é, quero-o na vanguarda mundial de todos os indicadores humanos e sociais possíveis. Isso só se conseguirá aplaudindo o que está sendo bem feito, sem dar importância exagerada aos problemas que ainda restam.
Lutei como achei que deveria lutar para ter um lugar ao sol. Fui protagonista do meu tempo. Venci com muito trabalho árduo. Nunca esmoreci mesmo em depressão profunda por ver um negócio fracassar. Nunca deixei de dizer a mim mesmo: aguenta, vai passar, vais sair melhor dessa, tempos melhores virão. Olho sempre as coisas boas com olhos esperançosos de que no futuro serão melhores ainda. As coisas ruins nem as considero. Existem e serão tratadas por quem de direito, como está sendo e não como estavam sendo ignoradas ou escondidas. Notaram que não falei em corrupção. Existiu, existe e existirá enquanto formos humanos imperfeitos que elegem para cargos públicos seus semelhantes num maior ou menor quilate.
Para completar, prefiro ver, ler, divulgar, compartilhar, mostrar, defender as coisas boas que acontecem atualmente no Brasil do que ficar repetindo a lenga-lenga das mídias que nos incutem, cada dia mais, o complexo de vira-latas.





Em mim não. O meu complexo tem pedigrii!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sofie e Jasmim...



Não ia contar. Medo de passar por mentiroso. Mas a experiência é tão gratificante, que resolvi enfrentar de frente. Vamos aos fatos.
Sofie e Jasmim são duas gatas que residem no mesmo endereço que eu e muitas vezes compartilham da minha cadeira que eu, ou seja, veem para meu colo, se aninham e se adonam desse que se acha seu dono.
Sofie saída  de uma cria, providenciei anticoncepcional aos primeiros sinais de cio. Funcionou e não continuou com a sem-vergonhice. Ao mesmo tempo a Jasmim gestava sua primeira cria. Cria dada, labuta para amamentar e limpá-los feitos  com a ternura das mamães gatas. Com a chegada da bebê Aylla, os rebentos da Jasmim foram desalojados do sofá onde já ensaiavam suas andanças pela casa. Então.  Com a coceira de nenê engatinhando, os gatinhos não queriam parar na área de serviço.  Como estava muito frio, providenciei  bastante agasalhos para que o contato com o piso frio, se transformasse em lugar mais quentinho. Coloquei uma tábua na porta que liga a área de serviço com a cozinha para que os gatinhos não viessem a sofrer alguma pisadura inadvertida pois é um dos aposentos de maior movimento.
Aprenderam a escalar a madeira e passavam para a cozinha para temor da minha esposa. Numa dessas, a Sofie que já andava lambendo os gatinhos, estava passado quando a minha esposa falou para ela: Sofie dá um jeito de ajudar a Jasmim pois ela não está dando conta de cuidá-los!
Imediatamente a Sofie pegou o gatinho pelo pescoço e o levou para a casinha e começou a chamar os outros para dentro. Deitou com eles enrodilhada. Acompanhei  toda a ação temeroso da reação da Jasmim que foi in loco dar fé do que estava acontecendo e como a coisa mais natural do mundo enrodilhou-se com eles.
Mas a surpresa maior ainda estava por vir: as duas estão amamentando os filhotes. Quando uma sai, a outra fica... 

terça-feira, 6 de maio de 2014

O futebol nos ensinando a fugir das armadilhas da Imprensa.


Estava vendo o esporte na telinha, mesmo com reservas, e me deparo com a entrevista do Técnico Abel sobre o último jogo do Internacional contra o Sport  do Recife e alguém deve ter perguntado sobre o sufoco que o time teve nos últimos 15 minutos de partida. Não se sabe o que o repórter perguntou (tática da emissora para deixar no ar a  resposta ou era de uma outra emissora) que o Abelão atacou geral:  “ Por que não ressaltas os 32 minutos anteriores do segundo tempo e os 45 minutos do primeiro tempo em que o Inter fez dois gols e teve inúmeras oportunidades de fazer mais. Vais julgar o Inter pelos 15 minutos?”
Mutatis mutantis, é o que se vê em todos os assuntos da mídia. O importante e que ela traz  a público é o fato ruim, o que deslustra, o que deprime, o que dá medo, o que, ressaltado, conduz quem não está ligado ao complexo de vira-latas. É como aquele aluno nota dez que em uma prova não acerta uma questão e é vaiado pelos colegas...
Não importa que o Brasil esteja formando mais técnicos atualmente do que formou em todo o passado. Não importa que o Brasil esteja criando mais cursos técnicos do que todos criados anteriormente. Não importa que o Brasil esteja criando mais faculdades públicas. Não importa que estamos com um sistema  de ingresso nas universidades que permite equidade entre os que teem mais oportunidades e os que não foram bem aquinhoados. Não importa que mais e mais jovens promissores estejam estudando em universidades de todo o mundo. Não importa que há mais escolas em turno integral do que sonhou Darci Ribeiro e Leonel Brizola. Não importa que hoje os aluninhos de todo o Brasil que estudam em escola pública vão de ônibus escolar para sua escola, esteja onde estiver. Não importa que o número de creches  esteja aumentando geometricamente.
Importa denegrir o governo dizendo que não há técnicos. Importa que existem cotas. Importa que casos pontuais de desempenho dos alunos no exterior estejam abaixo do esperado. Importa que alguns alunos façam porcaria no ENEM demonstrando que tiveram a aprendizagem mas não aprenderam. Importa o desempenho de quem não quer aprender e estudar.
Muitos são contra as cotas, passar de ano sem ter o preparo e muito mais. Tudo bem. Não precisa ficar contra pois a seleção natural irá dar conta de que não sigam adiante. Não é isso que apregoam? A concorrência será leal e quem não tiver competência não seguirá adiante. Isso é o fulcro principal: Igualdade de condições. Passará a frente, estudará mais, terá melhores oportunidades quem se destacar mas com a arrancada igual, em mesmas bases.

Poderia discorrer no mesmo diapasão sobre Saúde, Segurança e Petrobrás. Todos achincalhados por uma mídia tendenciosa. O complexo de vira-latas é implantado dessa maneira...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Reflexões sobre o artigo de Mauro Santayana – É preciso reagir








Mauro Santayana - É Preciso reagir.
É preciso reagir. Os alemães dos anos 20 e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e comunistas. Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique. Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento e a vida, essa acovardada tolerância.


Não sou propriamente amigo do Mauro Santayana, mas seu leitor, ávido e atento. Santayana neste escrito – É preciso reagir – ataca os movimentos que estão feitos, segundo a imprensa internacional, para higienizar as cidades brasileiras. Fecho com ele ipsis literis. Mas dentro desta linha de pensamento – reação – precisamos reagir à essa volta aos tempos das cavernas que estamos vendo inclusive em pessoas de bons conhecimentos e inteligência longa. Açoitados em todos os noticiários com crimes hediondos, crimes banais (se é que se pode chamar um crime de banal), comuns mas com todos os detalhes sórdidos de um crime eviscerados com um único propósito: chocar os leitores, espectadores e ouvintes e desse modo criar o caos... Falam em crime “bárbaro que chocou a população”, como se TODOS os crimes não fosse bárbaros e chocantes. O momento de aleijar uma pessoa ou tirar-lhe a vida é bárbaro e chocante na mesma intensidade independente do modus operandi do criminoso. Pouco interessa se usou um carro importado ou uma navalha. O impacto – o aleijume ou a vida perdida – é o que interessa.
Quantos milhões de pessoas vivem em São Paulo, capital e seus arredores? Cifra para quase vinte milhões? Pelas reportagens, é um tiroteio só. Estou pensando em ser papa-defunto em São Paulo! Seriamente pensando. Aquilo lá é um filão de ouro. Se e somente se, confirmarem-se o tempo proporcional destas notícias do total dos jornais, em números de crimes, abrirei uma loja para venda de caixões... Se um só jornal o Nacional, dá de seus 45 minutos, 30 de assassinatos, é dois terços da população assassinada semanalmente. Já nem mencionei diariamente. Isso dá quase quatorze milhões de mortos. Vai ficar que nem Carandiru! Vai ter presunto empilhado e falta de último leito nos cemitérios.
Agora, sem humor, que a coisa é séria! As redes sociais estão cheias de menções às diversas religiões. Frases de consolo, amor ao próximo, boas intenções. E não mais que de repente, a pessoa que as postou, coloca-se a favor da pena de morte, a favor da volta da ditadura, a favor da alteração do limite da maioridade, numa ira de bárbaro que quer, babando, se der, fazer isso com as próprias mãos.
As soluções para a diminuição de crimes começam pela palavra inclusão. E leva algum tempo para surtirem efeitos. Já estamos observando que a política de inclusão do Governo Federal, iniciada timidamente, para compensar os malefícios causadas por ele mesmo com a abertura neo-liberal, por Fernando Henrique Cardoso, ganhou impulso e virou política de Governo para valer nos governos subseqüentes, está aí para mostrar que o investimento no social é sim um caminho para a diminuição de crimes. Já há estudo nesse sentido. Só não dá para nos indignarmos, depois de quinhentos anos, com essas coisas, e pedir que num estalar de dedos se faça o que não se fez naqueles quinhentos.
E o estalar de dedos tem nome: higienização via mortes de mendigos, mortes de criminosos, prisão perpétua, modificação de limites de idades, ditaduras militares...

domingo, 4 de maio de 2014

Eu e o porongo comestível: batalha deliciosa!




Pois não é que acabei achando o porongo comestível na feira de artesanato e produtos coloniais aqui na terrinha santa de Itaara? Boa surpresa. Perdi umas sementes que havia ganho de um preto velho, quilombola de Viamão – RS. Dele ganhei a primeira fruta que comi. Melhor, muito melhor que a Moranga uma Cucurbitaceae da grande família das abóboras.


Pesquisando no Google achei os nomes e descrição do Caxi o porongo comestível. Lagenaria siceraria ou communis, conforme informação.








Pois é, achei e arrematei os dois exemplares da feira. Domingo, hoje, o almoço vai ser diferente. Caxi com coxão de dentro em filetes.


O primeiro ingrediente é a carne, coxão de dentro, mais ou menos oitocentas gramas. Uma cebola grande, quatro dentes de alho, tempero mixto pronto e adobo. Tudo bem refogado e em ordem: primeiro a carne com o tempero mixto, o adobo. Depois o alho e a cebola.


Enquanto a carne refoga, a batalha com o caxi.








É um porongo com uma casca muito dura. Para cortar, faca bem afiada e força no muque. Um descuido e uma riscada com a ponta da faca na palma da mão. Aberto ao meio, retirei as sementes (como estava mais para bem maduro, não usei o miolo que pode ser usado com os projetos de sementes) com uma colher. Usando uma faca mais “poderosa” cortei as partes em pedaços menores e retirei a polpa com uma faca serrilhada. Veja o resultado da batalha.







Mais uns vinte minutos de cozimento, acerto do sal e temperinho verde picado. Serve bem quatro pessoas boas de garfo, com arroz e uma salada de maionese...

sábado, 3 de maio de 2014

Uma cachorrinha chamada Milú

Milú
Quatro letrinhas miúdas que descrevem uma cachorrinha miúda. Peludinha, rabo de espanador, overa (branca e preta),  dócil. Como defino se pisarem nela ela que pede desculpas. Apareceu na área útil do condomínio abandonada pois estava grávida. Tinha uma companheira abandonada também grávida e as duas deram cria em um porão de uma casa em que as visitas dos donos são raras. A Milú deu cria a duas cachorrinhas uma das quais, morta. A outra ainda está viva, adotada por uma família. Quem vê a filha, não imagina a mãe: porte de pastor alemão apequenado pela cruza. Tive a honra de alimentá-las, dar água, verificar problemas, enfim cuidá-las sem ter a responsabilidade sobre elas como se elas fossem minhas donas.
O tempo passou, houveram mais partos da Milú em outra casa, à minha revelia. Nessa altura todas as pessoas adotaram de longe a Milú. Recebeu vários outros nomes, um até sugerindo que fosse do sexo masulino: Gico. Sempre alegre, brincalhona com crianças, respeitosa com adultos e inimiga feroz dos gatos...
Mais um ano e a Milú engravidou novamente de cachorro grande. Acompanhei a gravidez dando uma alimentação mais à base de ração. Isso quando ela aparecia para  comer, nômade que era. Passou o tempo necessário para completar a gestação e quase não via a Milú. Um belo dia dei de cara com ela na minha rua. Vinha pesada com uma barrigona enorme. Fiz-lhe festa e ela não correspondeu. Parecia que não escutava nada. Observei melhor e vi um líquido preto saindo de sua vagina. Fétido. Procurei ajuda de um vizinho e levamos para o hospital veterinário da UFSM. Cesariana, quatro filhotes enormes mortos, perda do Basso, Pâncreas, pedaço do Fígado, pedaço do Intestino Delgado e de todos os órgãos reprodutores. Uma semana dando antibióticos com comidinha boa. Milú estava boa novamente, com uma mudança do comportamento nunca mais me abandonou.  Se ouve os barulhos que faço normalmente para sair, levanta de onde estiver e presta  atenção nos meus movimentos. Me acompanha onde tiver que ir. Se vou tomar o ônibus, me acompanha até que embarque e volta para casa.
Dia desses, vendo uma reportagem sobre o amor de um cão por um morador de rua hospitalizado, rezei para que ela se vá primeiro que eu. Para que não sofra uma perda que não irá entender...

Os gatos, ah os gatos...