COSTELÃO DE NOVILHA

COSTELÃO DE NOVILHA
A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Primavera

 Molto caldo in Itaara.

Inda bem que ligaram o ventilador da natureza no modo mais para máxima do que para média.
Eu, humano ápteras,
fico fascinado com os brinquedos dos alados.
Urubus surfando em ondas de vento invisíveis,
andorinhas em formações com mil figuras inventadas,
desfile de asas para o meu deleite.
Ah Primavera, ah Primavera...

sábado, 17 de outubro de 2020

Ao MST com Louvor!


Acompanhei o desfecho da entrega de uma fazenda enorme - Latifundio de 22 000 hectares em Viamão RS - em pagamento de dívidas ao Estado do RS.
A antiga fazenda do Sr. Breno Caldas jr situada em Águas Claras, distrito de Viamão-RS, foi aquinhoada na época da Ditadura, com obras do DNOS para que fosse implantados uma barragem com 8km de taipa, com 30 m de largura e canais de drenagem do banhado que se estendia até o Rio Gravataí.
A conheci nos seus estertores, quando ainda produzia, mas sem o esplendor dos áureos tempos. Campo de pouso de aeronaves pequenas, fileiras de tratores, colheitadeiras, plantadeiras. Com a derrocada, tudo vendido a Leilão que não cobria as dívidas astronômicas que tinha com o Fisco gaúcho. Foi dada em Pagamento. Logo em seguida foi feito o assentamento de famílias do MST. Sugestivamente, foi batizado de Filhos de Sepé.
As dificuldades foram muitas para sua implantação, falta de apoio governamental federal criavam problemas que foram pouco a pouco superados. Críticas na imprensa, a população embalada por elas, cotejavam a produção de "fundo de quintal" com a monocultura do arroz. Na parte seca da fazenda, hoje se produz de hortifruti a milho, soja, criação de gado, galinha e porcos. Na parte úmida de banhado o famoso arroz orgânico, provando que é possível sim produção orgânica em escala. Eles, do assentamento, são os maiores produtores de arroz orgânico da América Latina, numa vitória maiúscula deste Movimento. O MST não acompanhou o movimento de subida absurda do preço dos últimos dia

domingo, 16 de agosto de 2020

O que a história dos "vitoriosos" não conta!





Luis Avelima

Em 16 de agosto de 1869 em Eusebio Ayala (Paraguai) ― no marco da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) ―, os luso-brasileiros degolam 3.500 crianças-soldados entre 9 e 15 anos no massacre de Acosta Ñu. Neste dia se celebre nesse país o Dia da Criança.
Escreveu Júlio José Chiavenatto: “Os meninos de seis a oito anos, no fragor da batalha, apavorados, se agarravam à pernas dos soldados brasileiros, chorando que não os matassem. E eram degolados no ato. Escondidas na selva próxima, as mães observavam o desenrolar da luta. Não poucas pegaram lanças e chegaram a comandar um grupo de meninos na resistência. Finalmente, depois de um dia de luta, os paraguaios foram derrotados. O conde D’Eu, o comandante da guerra, depois da insólita batalha de Acosta Ñu, quando estava terminada, ao cair da tarde, as mães dos meninos paraguaios saíam da selva para resgatar os cadáveres de seus filhos e socorrer os poucos sobreviventes, o conde D’Eu mandou incendiar o mato, matando queimados meninos e mães.
Mandou cerca o hospital de Piribebuy, mantendo em seu interior os pacientes ― em sua maioria jovens e meninos― e o incendiou. O hospital em chamas ficou cercado pela tropa brasileira que, cumprindo as ordens, empurrava a ponta das baionetas dentro das chamas dos enfermos que milagrosamente tentavam sair doa fogueira. Não se conhece na história da América do Sul pelo menos, nenhum crime de guerra mais hediondo que esse!

segunda-feira, 27 de julho de 2020

UBU REI - um texto para minhas netas lerem no futuro

Artigo muito interessante de Marcia Tiburi. Nenhuma teoria de comunicação dá conta do que ocorre no Brasil e no mundo neste momento. É preciso filosofia e crítica literária, com muita densidade, pois nada é simples ou fácil.
A leitura de Marcia Tiburi sobre Bolsonaro parece a melhor até aqui. A mais qualificada, a menos simplificadora e a mais equilibrada.
Aí vai o artigo na íntegra (publicado originalmente na Carta Capital):
Brasil caiu nas mãos do seu torturador
Em 17 de abril de 2016 na votação do farsesco impeachment contra Dilma Rousseff, Bolsonaro se tornou o Ubu rei nacional. Ubu Rei é um personagem de uma peça homônima de Alfred Jarry que data do final do século 19. Nela o personagem principal é um sujeito que quer ser rei para comer muito, matar, enriquecer ilicitamente e fazer todo tipo de maldade e grosseria que estiver ao seu alcance.
O Ubu Rei é um personagem fundamental que nos ajuda a perceber como e por que as figuras mais grotescas fazem muito sucesso na política. Quando a política não se realiza como tragédia, ela se realiza como farsa e a farsa, no sentido do teatro do grotesco que produz efeitos de poder justamente por ser desqualificado e violento, é o que vivemos há um bom tempo no Brasil. Pelo menos desde o golpe de 2016.
Nero e Hitler, Trump e Erdogan fazem parte da estirpe do Ubu. Bolsonaro consegue ser mais surpreendente do que todos eles. De mentalmente inimputável a presidente da república, Bolsonaro deu um salto que faz lembrar das pulgas que não tendo tamanho para ir tão longe vão mesmo assim. Como ele conseguiu tal façanha? Sendo empurrado por muitos, pelos poderes coniventes que saqueiam o Brasil, mas não só. Todos reconhecem que ele tem brilho próprio. Bolsonaro conseguiu transformar as dezenas de deputados grotescos em cena na votação de 17 de abril de 2016 em figuras coadjuvantes diante da sua verve. Em 2018 muitos se elegeram com o mesmo método no teatro atual da política, mas nenhum se compara a ele. De Janaina Paschoal a Kim Kataguiri, de João Doria a Wilson Witzel, todos se garantiram na eleição e provaram que não basta fazer uso da tecnologia política do ridículo, é preciso arrasar no papelão. A infâmia só é capital quando ela produz efeito de poder sobre as massas: um efeito estupefaciente, de droga pesada, de hipnose.
Bolsonaro é imbatível na produção desses efeitos, seja com suas frases, seja com suas cenas. Mostrando o Golden Shower, debochando dos coveiros e dos mortos por COVID, se lambuzando com um cachorro-quente ou fazendo propaganda de cloroquina, o que Bolsonaro faz é causar efeitos pelo choque, em intensidades diversas essa é a técnica que ele domina. Seja ameaçando de morte, seja sendo cínico, ele é único no seu papel. E ao que ele deve tamanha habilidade? Ora, ele teve escola e isso é o que mais importa.
Foi em nome de uma escola que Bolsonaro criou sua fama tendo sido em 17 de abril de 2016 o grande orador da turma. Melhor aluno da escola, ele recebeu a faixa presidencial do Ubu rei anterior, na verdade um pouco esmaecido, mas igualmente funesto, Michel Temer. Mas o sucesso pertence a Bolsonaro, que não perdeu de vista o “dia de glória” e, no contexto de uma violência simbólica espetacular, fez o elogio de ninguém menos que “Carlos Alberto Brilhante Ustra”, o famoso torturador da ditadura militar que ele tinha como mestre. Mas ele precisava se superar no parque temático do Congresso Nacional. Não bastava a coleção de asneiras, nem apenas o elogio ao torturador, era preciso adicionar um aspecto ao discurso que faria toda a diferença no inconsciente político do povo. E para isso, ele foi ao ponto ao falar do “terror de Dilma Rousseff” trazendo de volta das catacumbas apodrecidas da história a pedagogia que durante anos tocou o terror no Brasil: a tortura.
Podemos dizer que, nesse dia, Bolsonaro colocou grande parte da nação em uma imensa síndrome de Estocolmo. Se de uma lado, ele escandalizou a muitos que não acreditaram que ele poderia avançar, de outro lado, em sua catarse demoníaca, ele seduziu uma imensa parte da população para o seu lado. Em sua atitude, as bases da psicopedagogia da tortura. Costumamos associar um torturador a um psicopata, a um sádico, o que não deixa de ser, mas ela é uma técnica organizada pelos Estados e Igrejas, da Europa aos Estados Unidos e aplicada em todo mundo há séculos por instituições do poder. Ora, uma dimensão, talvez a mais fundamental da tortura, é justamente o seu caráter psicológico. Daí que se possa falar de psico-pedagogia da tortura como uma técnica de psico poder. A tortura sempre mexe com o medo das pessoas. E, mais além, com o pavor e angústia políticas que precisam ser elaboradas e que no Brasil jamais foram.
Quem ouviu Bolsonaro naquele dia 17 de abril ficou estupefato. Grande parte da população se deixou tocar pelo “pavor” do qual Dilma Rousseff estava sendo cobaia mais uma vez. Aí é que surgiu o que define a “síndrome de Estocolmo”, o estado psicológico que envolve algozes e vítimas por um elo complexo no qual a vítima se identifica com o agressor. Porém, ela não se identifica por empatia, mas muito mais por medo. Colocando-se ao lado do agressor, defendendo-o, o sujeito exorciza o medo de ser maltratado por ele. O operador da síndrome é o medo que, manipulado, faz o indivíduo ceder. Por isso, podemos dizer que Bolsonaro naquele dia 17 de abril, num gesto de perversão radical, colocou o Brasil no pau-de-arara, na cadeira do dragão, sob choque elétrico, em estado de pavor e devendo confessar alguma coisa, mesmo que ela não fosse verdade. A confissão chegou nas urnas dois anos depois como um diploma, prova de que a pedagogia deu certo.
Bolsonaro pertence a um escola. A da ditadura, sobre a qual ficamos sabendo nos depoimentos de torturadores e torturados. Quem consegue esquecer dos depoimentos de pessoas contando sobre choques elétricos e toda sorte de horrores vividos em seus corpos? Quem conseguirá esquecer de Lúcia Murat contando sobre a função de baratas amarradas em barbantes passeando sobre seu corpo? E quem conseguirá esquecer dos jacarés sobre o corpo de Dulce Pandolfi servindo de exemplo em uma aula de tortura?
A tortura foi um método de produção de confissão, mas antes de mais nada foi um método para imprimir pavor. Os militares brasileiros eram imediatistas, não estavam interessados em fazer pesquisas como os americanos fizeram com técnicas de tortura com o objetivo da lavagem cerebral. Os americanos sempre exportaram conhecimento para o Brasil, podemos dizer ironicamente. Os militares brasileiros nunca tiveram tanta paciência, sempre puderam contar com a televisão e sua programação torturante (sou da época em que se dizia com desgosto “não tem nada na televisão no domingo” e mesmo assim, as pessoas continuavam assistindo como se estivessem treinando para o desprazer, como se tivessem se tornado capazes de suportar qualquer sofrimento).
O Brasil caiu nas mãos do seu torturador e segue sendo torturado por ele. Todo o deboche, toda a maldade, todo o descaso e, agora o COVID19 fazem parte das técnicas de tortura em escala nacional. Quem precisa buscar jacarés, ratos ou cobras quando se dispõe do coronavírus que não dá muito trabalho e elimina uma parcela gigante da população odiada pelo fascismo nacional?
Muita gente morreu na ditadura sob a ordem de torturadores como Ustra, o herói de Bolsonaro. Muita gente segue morrendo sob a nova tortura elevada a forma de governo.
Bolsonaro é o resultado de uma parte muito séria da história do Brasil que não foi resolvida até agora. Assim como a escravização, a ditadura militar pesa na vida brasileira e muitos se esforçam para não tocar nesse assunto porque ela faz voltar do passado horrores insuportáveis e responsabilidades que uma nação de oligarquias e poderes coniventes não quer assumir.
Essas oligarquias seguem, junto com Bolsonaro, torturando e matando o povo brasileiro.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Seu país voltou

Por Fernando Horta.
"Em junho de 2001, o Jornal Nacional veiculava uma série de reportagens que viria a ser premiada. Marcelo Canellas e Lucio Alves apresentavam a “Fome no Brasil”.
O dado revelado era que uma criança morria de fome no Brasil a cada cinco minutos. Em pleno “milagre neoliberal”, como gostam de citar alguns intelectuais e políticos de direita no Brasil, uma criança morria a cada cinco minutos no Brasil. Vou repetir, porque penso que o número deveria ser usado em qualquer discussão sobre política e economia de agora em diante.
Ao começar a ouvir qualquer argumento dos defensores desta hipocrisia de direita, pare e escreva “em 2001, aos sete anos do governo FHC, uma criança morria de fome a cada cinco minutos no Brasil”.
Repita ou escreva, não importa, mas sempre comece por esta informação. Em seguida, olhe a ginástica retórica que o interlocutor fará e avalie se ela se encontra no campo da ignorância ou da mácula moral insanável. Qualquer das duas opções, é uma conversa que não vale à pena.
Não sei se já mencionei, mas em 2001, uma criança morria de fome a cada cinco minutos no Brasil.
O fato, chocante, inaceitável, inumano, é irrisório perto da pergunta de um pai, quando confrontado pelo jornalista se não havia como o seu filho “ganhar um pouco mais de peso”. Ana Cláudia dos Santos, a mãe, e Evangelista dos Santos, o pai, com a sabedoria de quem luta para sobreviver, respondem ao repórter “o que você acha que eu devia fazer?”
Este diálogo reflete o Brasil do neoliberalismo. O repórter, obviamente não sabia sobre o que perguntava e não conseguia compreender o que via e ouvia. Provavelmente foi dilacerado a cada entrevista, eis que humano.
O pai entrevistado, sequer com tempo de tirar a enxada das costas para falar, desfere a pergunta fatídica que separava os brasis de forma tão evidente. “O que você acha que eu deveria fazer?” para salvar a vida da minha filha que não tem o que comer ...
Eu me recordo de assistir esta reportagem e chorar, copiosamente. Eu não choro com hino, bandeira ou camiseta verde amarela. Não choro por cântico religioso fervoroso. Não choro por ver alguém “atingir a meta” de malhar todo dia e perder peso.
Não sou de reconhecer heróis em ações ordinárias e totalmente comuns. Eu chorei como criança vendo aquela série. O olhar de Evangelista para o repórter era a demonstração de que nada, absolutamente nada naquele país, poderia estar dando certo.
O que não consigo entender é como Ana Cláudia dos Santos, a mãe, e Evangelista dos Santos, o pai, se tornaram “vagabundos que se aproveitam do Estado para não trabalhar”.
Ou ainda como a fome de sua filha poderia ser um reflexo “da meritocracia” que levaria – em um livre mercado – a sociedade brasileira a ser produtiva e rica. Não entendo como Ana Cláudia e Evangelista se tornaram o “problema das contas públicas do Brasil”, tendo contra si os dedos da classe média (saciada) e da maioria dos que apertam botões no parlamento, e que hoje defendem o fim dos programas sociais, dos direitos do trabalho e a redução de vencimentos para os mais pobres.
Apenas uma sociedade doente, ignorante e hipócrita pode acreditar que Ana Cláudia e Evangelista estão sofrendo assim por que não se esforçaram o suficiente.
Apenas uma sociedade lunática, cínica e monstruosa pode se convencer de que eles sofrem desta forma por não terem fé suficiente ou por não terem depositado algum valor numa conta em nome de algum deus.
E eu não falei ainda da sua bebê, que padece da fome.
Certamente quando ela crescer, depois de ter lutado para sobreviver, vai saber evitar as mazelas da sociedade. Vai se esforçar numa escola pública de algum sertão poeirento e seco e vai concorrer “de igual para igual” com alguém que comeu na infância toda e que “não aceita privilégio” de quem quer que seja.
Também não falei de você, que se “revoltou” com o conto das “pedaladas” e saiu a bater panelas vazias – de barriga cheia – querendo o “seu país de volta”. Pois a ONU informa que a fome voltou ao Brasil. O seu país, finalmente, voltou.
E se você a ele reivindicar as cores verde e amarela, fique com elas. Não me farão falta as cores de um país em que uma criança morria a cada cinco minutos de fome.
Um país hipócrita que não aceita vidraça quebrada, mas nunca se importou com as muitas Anas Cláudias e Evangelistas a enterrarem seus filhos em caixas de sapato, como “querubins sem pecado”, no único consolo possível.
Que bom que as cores nos diferem. Você fica com a hipocrisia em verde amarelo e eu procuro qualquer outra que dê guarida a um país sem fome.
Quem nos olhar saberá de pronto que não me misturo com quem prefere o cassetete à cabeça do estudante, quem prefere o privilégio da gravata à comida da criança, quem tem força física para bater em panela, mas padece de inanição moral.
Não sei se já falei, mas em 2001, aos sete anos do governo de FHC, uma criança morria a cada cinco minutos de fome, no Brasil.
Este país voltou ...
De fome ..

domingo, 19 de julho de 2020

Um dia de verão na pandemia de Itaara

Pois eu e a companheira de pandemia, sempre que podemos fazemos uma caminhada com um roteiro não muito frequentado, tanto no nosso condomínio, como pela cidadezinha que adotei como sendo minha última morada em vida.
Esta semana, pelos critérios do Gov. do Estado do RGS, a região entrou na bandeira vermelha, que será contestada pelo prefeito (diga-se de passagem que é do mesmo partido do Governador). Até aí tudo bem, faz parte da democracia.
Na cidadezinha de Itaara, há cartazes chamativos alertando para os perigos dessa malfadada doença:
Esse está na entrada de meu condomínio.
 Pois bem meu roteiro passa pelo Bairro Pinhal vindo pelo fundos seguindo a rua principal e contornando o lago formado pelo açude do Pinhal. Lugar bonito e chamativo. Normalmente deserto, esse caminho já fizemos 3 vezes e não encontramos muitas pessoas por isso o repetimos neste domingo - 19.07.2020.
 O calor tirou o raciocínio das pessoas. Pandemia é para ficar em casa. Itaara está sem casos de Covid19. Nós os moradores estamos fazendo nossa parte, como consigo identificar nas raras vezes em que circulo na cidade por extrema necessidade.
O que observei nesta andança? Todas as casas de veraneio - não são moradores - com 3, 4 carros em seus pátios. Pessoas fazendo piquenique em torno do Lago do Pinhal e do Residencial Lermen, passeando sem máscaras num total desrespeito aos moradores da nossa pacata cidade.
Depois desse fim de semana, se houve inteiração com comerciantes locais ou algum prestador de serviço, fatalmente teremos algum ou alguns casos a registrar.
Voltamos rapidamente para o nosso esconderijo.
Lago do Lermen
Lago do Lermen

Lago do Lermen

Estacionamento do Lermen



Lago do Pinhal

Lago do pinhal

Lago do Pinhal

Lago do Pinhal

Lago do Pinhal



quarta-feira, 24 de junho de 2020

AS 10 PRAGAS SOBRE O BRASIL


"Por tua, somente tua, iniquidade, por teu egoísmo e por tua estupidez, atraíste dez pragas que se abateram sobre a tua antes próspera nação. Porque não reconheceste a virtude, porque zombaste do altruísmo, porque invejaste o semelhante, porque cedeste à tentação da mentira destrutiva, recebeste a áspera e dura retribuição. Arruinado, é o país que ganhaste por sabotar o espírito de partilha e solidariedade que o projetara como locus da esperança no início deste milênio. Agora, infame fariseu, tens diante de ti a chaga gerada por teu pecado.
1) Tuas águas não se convertem em plasma sanguíneo, mas se borram da viscosidade de um óleo que degrada tuas praias. Este mar tem o gosto do veneno de tuas falsas palavras e parvas sentenças.
2) A doce água cristalina de teus rios sofreu a metamorfose. Tornou-se barro mortal que invade, toma, imobiliza e aniquila. Teu brumado sonho transformou-se em desastre de lama, sepultando juventudes e sonhos.
3) Em teu agosto, o céu exibiu desgosto. Trevas como no Egito. O Sol sequestrado. A noite ácida às três da tarde. Dias e dias de chuva rala na cor da cinza. Tuas cidades escuras. Nem estrelas. Nem Lua.
4) O teu verão, país tropical, foi roubado por ondas de maldição glacial. Teu sul, teu sudeste e teu centro-oeste se encapotaram nas férias. Foi a estação tórrida dos 15 graus, da garoa gelada e da alegria paralisada pela aragem invernal.
5) Tua floresta joia, tesouro do planeta, ardeu em chamas. Expirou a árvore-mãe de 500 anos. O tamanduá e o tatu pereceram em rumorosa aflição. Fizeste vergonha perante o concerto das nações. Como guardião dos recursos nobres do planeta, falhaste e prevaricaste. És agora motivo de escândalo para as almas evoluídas da Terra.
6) Neste sítio de infâmia, dolo e violência, baixaram aos túmulos úmidos alguns dos mais decentes e promissores de teu povo. Rumaram à eternidade prematura, nestes tempos de provação, os estudantes e professores de Suzano, os craques do Ninho do Urubu, os jovens de Paraisópolis, a mulher-maravilha Ágatha, o músico Evaldo, o ativista Gabrielzinho, o mago dos caixotes Capoeira, o índio Paulino, os meninos João Pedro e Guilherme.
7) As milícias tomam as ruas, logo as tuas. Para cobrar pedágios ilícitos, grilar, traficar pessoas e assassinar por encomenda, os protegidos e sócios do mandatário assumem posições de norte a sul do país, infectando guardas locais, polícias e facções das armadas forças. Tens agora a paisagem da conflagração diante de tuas janelas.
8) Os canalhas, os ratoneiros, os estúpidos e os psicopatas cerraram fileiras em defesa do terror. Escancaradamente, debocham, sabotam, agridem, protegidos pelos fardados. Exigem o fim da democracia, o desmonte do protocolo republicano e a destruição dos tribunais. Armados, erguem tochas para celebrar uma suposta supremacia branca, inspirados na liturgia criminosa de hitleristas e de membros da Ku Klux Klan. Juntam varas para açoitar o bom senso e a civilidade.
9) A peste do século, que noutros cantos produziu dor e morte, aqui prospera célere, dotada de corrosiva e mortal vitalidade. Avança pelas cidades, campos, construções, dizimando famílias, arrasando economias, apagando sonhos. Teu país hoje é o território das estatísticas fraudadas, dos respiradores asfixiados pela corrupção oficial, da escolha do quem vive e quem morre, do adeus solitário ao ente querido que desaparece na fossa coletiva.
10) Agora, ao que tudo indica, tua alma azeda, magnética de tudo que é ruim, trará os gafanhotos. E eles comerão teu milho, tua soja e teus pomares. Quem havia acima de tudo, definitivamente, não era Deus."
Você e outras 4 pessoas
1 comentário
2 compartilhamentos
Curtir
Comentar
Compartilhar

domingo, 21 de junho de 2020

Capando o Governo.

Os gáuchos tem algumas particularidades na arte de capar cavalos.
A que seria mais indolor e humana, seria anestesiar o animal e num ambiente cirúrgico, imolar a natureza procriativa do mesmo. Não é usada. Como é um animal não merece a consideração dos ditos humanos.
A mais usada é a sujeição do bicho via tombos, maneias, pés no pescoço, um agarro sucessivo em cada um dos testículos, um corte superficial na pele de maneira a permitir a sua saída e extirpar com um corte com a faca carneadeira.

Do mestre da poesia nativa gáucha, Jayme Caetano Braum, uma ode ao sacrifício tradicional da masculinidade dos potros:

"Remorso de Castrador
Um pealo, um tombo, um grunhido
de impotente rebeldia.
O sangue da cirurgia,
na faca e no maneador!
Nada pra estancar a dor,
do potro que sem saber,
perdeu a razão de ser,
na faca do castrador!

Há uma bárbara eficiência
nessa rude medicina.
O sangue é limpo na clina
que alvoroçada revoa!
Pouco interessa que doa:
a dor faz parte da vida!
Há de sarar em seguida
desde guri tem mão boa"

Há um terceiro tipo de castração, também muito pouco usado: o garroteamento. Este consiste em utilizar um aro de borracha envolvendo o escroto, logo após os testículos, de modo a impedir a circulação. Os testículos caem apodrecidos.

A castração serve para apaziguar o instinto do animal que de outra forma se rebelaria de maneira mais violenta na hora da doma.

Diante do cenário político do Brasil, vemos um cavalo velho enfurecido e , mais do que isso, acuado pelos próprios desmandos e de sua prole. Temos que lhe colocar um freio e lhe tirar as bolas para que a volta à normalidade seja a mais pacífica possível. Como se dará isso?

Nem quem lhe deixou aflorar os instintos redomões não sabe como fazer. Por enquanto estão só lhe cercando, dando-lhe açoites aqui e acolá mas agora estamos na fase em que a tropa onde se acoita gostou da postura de garanhão rebelde e bufa em resposta. Ou pealamos de sopetão, de cucharra, mas de olho no resto da tropa, ou teremos que castrar um a um num esforço hercúleo. As duas opções darão muito trabalho e com certeza haverão baixas de ambos os lados numa refrega que nunca houve no Brasil e, talvez, com isso, tenhamos um sentimento verdadeiro de Pátria.

Então, estamos adiando a solução cirúrgica, com anestesia e todo o aparato para uma cicatrização da pátria, por veleidades da esquerda, pelo não saber o que fazer de quem sabia de que se tratava esta governança espúria e onde nos levaria e por fim, quem deveria estar realmente cercando o cavalo doido, o povo, que está anestesiado e nem sabe o que está acontecendo.

Quem poderia fazer a castração tradicional com os elementos legais a lhe dar apoio, titubeia, temeroso da rebeldia da tropa, cuja infiltração em suas forças, lhe deu poder inimaginável. Não creio que o façam à sombra de um potro de sobre ano (cabo) e dois potrilhos nem bem desmamados (soldados).

Por fim a terceira via, vislumbrada por quem tem saber notório e ter sido criado no campo. Como bom campesino vê na própria arrogância do cavalo velho a sua derrocada. Dará pouco trabalho dar-lhe um pealo, colocar-lhe a argola de borracha e deixar que o próprio organismo estirpe ou rejeite dolorosamente o que nos aflige. Haverão muitas baixas ainda por conta dos manotaços diretos oriundos de suas ações e muitas mais por suas omissões (Covide 19)

Há figuras, entidades e atores envolvidos nesse espectro político que cabem em cada uma das soluções.

E o povo? Ah o povo. Está anestesiado pelo anestésico que deveria ser aplicado no Cavalo Velho!

terça-feira, 16 de junho de 2020

Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa

Vale a leitura desse texto por ter sido escrito pelo editor do Valor Economia Via Face de Ivone Rodrigues.
Por Pedro Cafardo
(Editor-executivo do Valor e integra a equipe que fundou o jornal. Foi editor-chefe de "O Estado de S. Paulo" e editor de Economia em várias publicações)
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa:
Classe dominante sabia o que esperar de Jair Bolsonaro quando o elegeu
15/06/2020 05h00 Atualizado há 21 horas
O título acima, em latim, não precisa de tradução. Vem de uma reza tradicional da Igreja Católica, o “Confiteor” (Eu confesso), na qual o fiel reconhece seus erros perante o Criador.
A prática do mea culpa é rara no Brasil. O PT foi e ainda é muito cobrado para fazer autocrítica e reconhecer erros cometidos durante os anos em que esteve no poder, nos governos Lula e Dilma. Nunca os reconheceu, nunca pediu desculpas.
Há hoje, no Brasil, uma extensa lista de entidades e pessoas que precisam fazer o mea culpa pela escolha de 2018, quando a disputa democrática oferecia pelo menos seis ou sete candidatos melhores que o eleito.
Políticos influentes se omitiram na campanha eleitoral e deram um “dane-se” ao país. Oportunistas, muitos deles se elegeram governadores e deputados na sombra do candidato presidencial e agora viraram casaca como se nunca o tivessem apoiado, sem uma palavra de arrependimento e desculpas. Empresários só pensaram no próprio quintal e passaram a aceitar “qualquer um” desde que não fosse do PT. Igrejas se animaram com o tom conservador e as ideias retrógradas. Juízes e procuradores influenciaram o voto sem demonstrar constrangimento. Jornalistas olharam para a economia e acharam que Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, com sua política liberal, poderia consertar o país. Mesmo que o presidente continuasse andando por aí propagando teorias bizarras, feito criança inconsequente.
Jornalistas, portanto, não podem fugir de suas responsabilidades. Muitos dos que hoje ferozmente expõem as atrocidades presidenciais deveriam reler com distanciamento crítico o que escreveram no passado recente. Julgaram que, uma vez eleito, o presidente não iria se aventurar no autoritarismo. Que as instituições impediriam aventuras desse tipo e consideraram histéricas pessoas que se mostravam temerosas. É possível mesmo que a sociedade organizada consiga evitar o avanço autoritário para uma ditadura, mas o custo será elevado. Já está sendo.
Na hora de assumir responsabilidade por erros, é instrutivo observar o mapa das votações no segundo turno das eleições de 2018. Está lá, em verde e vermelho, uma impressionante divisão do país em dois: o rico e o pobre. Quanto mais rico, mais verde, e, quanto mais pobre, mais vermelho. Em São Paulo, o Estado mais rico, Bolsonaro venceu em 631 dos 645 municípios. No Nordeste, a região mais pobre, ele perdeu em 98% dos municípios. A faixa verde se estende desde Rondônia, Mato Grosso e Goiás, áreas do próspero agronegócio, até o sul de Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, as regiões mais industrializadas do país. A vermelha domina o Norte e o Nordeste.
Está claro que a escolha do presidente foi responsabilidade das elites brasileiras, do agronegócio à indústria, passando evidentemente pelo setor financeiro. Não há clichê esquerdista algum nessa afirmação que usa a palavra “elites”. Foram, sim, os mais ricos e teoricamente bem informados que elegeram ou trabalharam com mãos e mentes pela eleição do atual presidente. Precisam agora fazer mea culpa.
Ao escolher Bolsonaro, a classe dominante sabia que ele se juntaria ao conservadorismo de Trump, que adotaria comportamento hostil em relação à China, maior parceiro comercial do Brasil, que daria uma banana para as causas ambientais, que desprezaria os povos indígenas, que poria ideologia conservadora nas escolas, que incentivaria a homofobia e o uso de armas pela população, que tiraria recursos da cultura, que a contragosto apoiaria o arrocho fiscal recessivo, que flertaria com o autoritarismo antidemocrático.
O atual presidente tem muitos e graves defeitos, mas também uma qualidade: nunca mentiu sobre suas intenções autoritárias. As elites só não sabiam, mas poderiam desconfiar, que ele adotaria uma política tão desastrosa na área da saúde. Nem que o país enfrentaria a infeliz coincidência de ser liderado por alguém que despreza a ciência e promove a morte em meio a uma pandemia nunca vista em cinco gerações.
Por que o Brasil elegeu um cidadão que agora obriga brasileiros a lutar feito leões para manter a democracia? Por que o eleitorado foi tão incompetente a ponto de minar seu próprio terreno com bombas que agora exigem tempo e energia para a sua desativação?
Assustados, heróis da campanha das “Diretas já” dos anos 1980 emergem da aposentadoria para alertar os mais jovens sobre o perigo iminente. A batalha ideal de hoje seria pela saúde, pelo crescimento econômico, pela distribuição de renda, pela educação universal e por outras causas sociais que possam melhorar a vida dos brasileiros. Mas não, 35 anos depois de ter derrubado a ditadura, cá está novamente a nação lutando para salvar sua democracia.
Males da deflação
Mudando de assunto, se o grande e generoso jornalista Alberto Tamer (1932-2013) estivesse vivo, certamente escreveria sobre deflação. O Brasil experimentou, nos dois últimos meses, duas deflações, de 0,31% em abril e de 0,38% em maio. Tamer morou em Paris por uma década na passagem do século e tinha sempre especial atenção para os males da deflação francesa, principalmente por seu efeito recessivo. Não é preciso ser economista para observar, costumava dizer, que quando um país vive em deflação o consumo desaba, pela simples razão de que as pessoas, na expectativa de que os preços vão baixar no futuro, adiam suas compras de produtos não essenciais.
No Brasil, onde a maior ameaça foi sempre o dragão da inflação, ninguém parece preocupado com deflação, até porque é considerada passageira, decorrência da pandemia. Mas se Tamer aqui estivesse certamente soltaria os cachorros para alertar o país sobre os males dessa “inflação negativa”. Em um momento como este, ela é uma overdose recessiva.
Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a coluna de Sergio Lamucci