COSTELÃO DE NOVILHA

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A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

sábado, 23 de abril de 2016

DÉJA VU!


Nilson Lage
"A grande maioria das pessoas conhece como fato histórico, mas eu estava lá, em posição privilegiada, e vi tudo, de perto. Tinha, então, 27 anos, mas experiência de edição em dois grandes jornais – Jornal do Brasil e Última Hora, onde estava quando aconteceu.
Posso, portanto, assegurar que o que se conhece como “golpe militar” foi, na verdade, resultado de um processo idêntico ao que se passa agora. O sentimento é quase de paramnésia, de déjà-vu.
Lá estavam:
- os juristas de aluguel que, na época, compunham a “banda de música” da UDN;
- os “aliados” do governo, remanescentes da aliança dos oligarcas rurais do PSD com o trabalhismo;
- a direita paranoica, bradando contra o comunismo, a “república sindicalista”, os projetos sociais e as reformas legislativas;
- a mídia comprada por uma conspiração que se articulou por anos, baseada no controle do mercado publicitário e na pressão bancária sobre os veículos – na época existentes – que resistiam ao discurso único, entre eles uma diversificada imprensa conservadora;
- um governante honesto e de boa índole, mas desprovido de assessoria de inteligência que avaliasse a inserção da conspiração no momento político internacional da época.
- a esquerda sonhadora e infiltrada, alimentando o discurso da direita com suas fantasias.
Do ponto de vista militar, a vitória do movimento iniciado por um general de passado integralista teve êxito dada a atuação de agentes nos estados-maiores, a promoção de manobras de falsa bandeira entre subordinados e a defecção de alguns comandos que receberam suborno – o de São Paulo, principalmente.
Prevaleceu nas forças armadas o critério da unidade, o mesmo que impede o Judiciário, hoje, de intervir.
No poder, os militares se deixaram levar pelo discurso da guerra fria (era a época em que se pregava a “teoria dos focos insurrecionais”) que os levaria a um ciclo de repressão desvairada, sem controle. Desenvolveram, no entanto, algumas políticas relevantes, em particular a marcha para o Oeste e uma impressionante mudança no meio rural.
Instrumentos inconscientes do entreguismo, terminaram derrotados pelos seus projetos de afirmação nacional na indústria energética, de defesa, nuclear e de informática.
Algo que também tem ecos no que ocorre agora."

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