Da maçaroca golpista que durou da morte de Getúlio Vargas ao
golpe de 1964 restou-me o conhecimento mas não uma verdadeira noção do que se
tratava. Imaturo e sem todas as informações, não alcancei o verdadeiro sentido
das palavras de meu pai quando da Legalidade. –“ Se houver revolução vou
enganjar!”
Um velho com
esclerose múltipla, problemas mil no coração que o levaram à morte em 1963 e
ainda com espírito legalista que se propunha pugnar por um ideal.
1964, 1965, 1967, 1968 perdidos em estudar, cumprir o dever
com a pátria servindo ao exército e lutar por um lugar ao sol em uma
cidadezinha do interior do RS.
1969 transferência para Porto Alegre para encetar a luta da
sobrevivência na Selva de Pedra e iniciando a ter noção do que realmente
ocorria no cenário político. Essa luta pela sobrevivência aplacavam meus
pruridos de estar na linha de frente. Mal sabia eu que quem estava na linha de
frente encontrava meios de subsistir. Acho que faltou oportunidade de encontrar
quem pudesse mostrar o caminho. A impotência frente aos desmandos, frente a
falta de democracia, frente aos crimes cometidos, preponderou neste período.
Intimamente, repetia para mim mesmo vai passar, sobreviveremos para ter uma
nação com projeto de nação para todos e não para os donos do bolo que nunca foi
repartido.
Veio a esperada abertura e uma nova Constituição foi
elaborada. Se não a ideal, pelo menos com perspectivas de ter uma cidadania em
forma de Lei.
Continuávamos com sérios problemas econômicos e sem
perspectivas de políticas que favorecessem o povão. A cada plano os miseráveis
tornavam-se mais miseráveis e mesmo com o decantado plano Real, as galés
continuaram a ser tocadas pelo populacho com bancos e investidores estrangeiros
navegando em polpudos lucros.
Veio 2003 e achei que tínhamos finalmente alcançado o status
de Nação na verdadeira acepção da palavra. Não interessa quem fez. Interessa o
script. Trazia ares de que finalmente poderíamos ter uma nação desenvolvida.
13 anos depois o retrocesso. Voltamos ao tempo do Carlos
Lacerda refugiar-se na Cuba que ainda era americana: lutando para sermos
independentes mas sufocados pelas forças não mais ocultas que mataram Getúlio.
Estou como meu velho pai. Sem um soma capaz de bravuras
braçais mas com espírito extremamente legalista e com propósito de lutar, com as forças do meu intelecto, pela volta da
legalidade!
Não sei qual será o desfecho do Impedimento da Presidenta
Dilma. O jogo de cartas marcadas tem cacife muito alto e corrompeu os
principais alicerces da democracia. Temos batalhas muito árduas pela frente e
mesmo com o não impedimento, o cenário é horrível. A democracia está nas mãos
de bandidos de todas as instituições que integram a República. Para onde que se
olhe há garras afiadas.
Mas como disse o laranja maior do golpe: Deus tenha pena
deste país!
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