COSTELÃO DE NOVILHA

COSTELÃO DE NOVILHA
A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

À minha companheira Guria.


 


Pois tenho um imã que atrai os guaipécas (gauchês: cães sem dono pois abandonados foram). Mas gosto deles. No meu caso cadelas. Hum, cadelas não fêmeas. O meu harém das cuscas começou com a Milu. Salvei-a de uma gravidez de filhotes de cães muito maiores que ela, a esganada. Agora velhinha, está sendo tratada a pão de ló dentro de casa.  Depois veio uma de grande porte, a Jade, essa veio pequenina salva por minha filha em uma noite chuvosa e fria. Depois disso veio a Princesa metida a besta por ter um pouco mais pedigree de uma raça caçadora em banhado. Essa é alarife, latido estridente, não tem ouvido, mas também carinhosa. E por fim a Guria.

É um capítulo à parte. Nasceu de uma ninhada que a Jade teve embaixo de um galpão de um vizinho. Um vizinho mais próximo desse viu quando ele engambelou a Jade com ossos de churrasco e a colocou na caçamba de uma camionete e me avisou do ocorrido e da ninhada.

Recolhi a ninhada e a Guria foi a última que consegui resgatar. Não queria sair por nada desse mundo. Foi uma luta. Comprei ração para filhote e desmanchava no leite de vaca e dava em pires e lhes ensinei a lamber a mistura. Nesse meio tempo tive que viajar e consegui alguém pra cuidar deles. Dois morreram.

Quando voltei de viajem já havia se passado cinco ou seis dias do desaparecimento da Jade.

Continuei cuidando dos pequenos. Até que, quando completou sete dias, a Jade conseguiu achar o caminho de volta. Consegui salvar quatro, entre eles a Guria.

Resolvi ficar com ela. Era a única que desafiava a ordem de não entrar em casa e teimosamente entrava para urinar, para desespero da esposa. Corríamos com ela mais por farra e eu a admirava pela sua audácia e teimosia.

Encaminhei para adoção os outros três e fiquei com ela. Pelo histórico dos corridões ela não era afeita a contatos ou carinhos, coisa que as outras adoravam.

Passou um tempo e ela deu de desaparecer por períodos longos. Um adendo o meu portão ficava sempre aberto para elas irem e virem ao bel prazer. Porém ao cair da tarde estavam a postos para receberem a refeição oficial, pois queridas por todos tinham regalias e se fartavam tanto que, às vezes não queriam a minha gororoba.

Estranhei, mas como ela comparecia todo fim de tarde, não dei muita importância até que um outro vizinho me alertou que uma das cadelas tinha dado cria na casa ao lado e que os cachorrinhos estavam latindo e que eu deveria ver.

Pois a arredia nem mostrou que estava no cio, escondeu a gravidez e o nascimento! Para me certificar que era ela, quando saia depois de comer, eu a segui e vi entrando no pátio da casa em que deu cria.

Confirmado, esperei ela sair para outros lados e resgatei quatro filhotes lindos.

Os trouxe para casa e fiquei com eles no colo esperando que ela viesse ver o que ocorreu.

Aí não teve outro jeito, a mãe falou mais alto e ela teve que vir até mim e deixar lhe fazer afagos. Arrumei um cantinho para eles até fazer as doações. Depois disso castramos todas.

Pois bem, a chefe do bando sempre foi a Milu. O pessoal da cidade sabia que eu andava por perto, quando via a Milu. Via ou sentia um movimento meu, levantava e se eu saísse, ia me amadrinhando (gauchês: acompanhando).

Com a velhice da Fêmea Alfa, houve uma pequena desavença, até que a Guria manhosamente, ganhou a posição e está aceita pelas outras duas ainda fortes.

O pátio da minha casa está cercado e o do vizinho de cima também. Pois ela achou um jeito de pular o muro que nos separa, subir numa muretinha e pular por cima do portão do vizinho. Para me acompanhar nas minhas caminhadas.

Hoje tivemos que descer, a patroa e eu, para Santa Maria, ao sair, a Guria, como sempre, nos acompanhou até a parada. Até aí tudo bem, depois ela sempre volta. Mas um vizinha nos ofereceu carona e provavelmente ela não viu.

Voltamos de Santa Maria e depois de descansar, vi que precisava ir ao Supermercado. Como sempre ela junto. Fiz as compras e no caixa a moça me perguntou: O Sr. Veio para o centro hoje de manhã? Não, respondi. Pois ela veio entrou no mercado, olhou tudo e saiu. Foi para o lado da casa de sua filha(mora perto). Depois vi ela passando para o lado de sua casa.

Até aí tudo bem, como ela não viu o que aconteceu comigo, me procurou nos lugares em que está acostumada a me acompanhar.

Ao chegar no condomínio a Secretária me chamou para dizer que a minha companheira pede para abrir o portão para entrar e sair. Como assim perguntei. Ela late e em seguida uiva se posicionando perto do portão em que a visão da câmera a capta. Não é possível. Tem mais, continuou, veio na porta olhou bem para dentro e viu que o Sr não estava foi para o portão e novamente latiu e uivou. Saiu e um tempo de pois (o tempo que levou procurando por mim na cidade) veio se posicionou latiu e uivou novamente para que eu abrisse.

Não há amor maior que esse e quem disse que não são inteligentes