Os esportes, os jogos, as liças antigas foram surgindo na
medida em que os homens não tinham mais as lutas constantes. Simulam as guerras
com ataques, defesas e estratégias e como toda a competição, há vencedores,
vencidos e em alguns não há empates e se os há, um critério de desempate
fornecerá o vencedor...
Porque debruço-me
sobre esse tema? As últimas notícias sobre um esporte que será o centro das
atenções do mundo no nosso país. Brigas nas torcidas dentro dos estádios. Briga
de torcidas no entorno dos estádios. Atos de vandalismo, atos de preconceitos,
atos que ferem a justiça e lisura dos jogos, sejam intencionais ou não.
Outro fator que me fez pensar foi o fato de não tendo
contendor, o termo é bélico, jogo xadrez com o computador. Dei-me
conta, algumas vezes, que ficava com raiva por ter perdido, e vibrava
agressivamente quando ganhava... Puxa, um simples jogo em frente à tela sem
compromisso, para manter a mente ocupada e deixar um certo alemão bem longe,
mexendo com coisas primitivas ainda arraigadas lá no fundo. Considero-me bem
racional, mas senti que ainda preciso melhorar e muito. Mudei para o jogo de xadrez levado pela orientação de uma professora em curso de Conscienciologia que, usando a
analogia do vício, os joguinhos de cartas (paciência, spider e outros) não
seriam tão legais para o mister que eu propunha... Aí veio a constatação de que
o xadrez é o jogo de salão mais realista de uma batalha... E as batalhas trazem a raiva, o ódio, o
extremismo, o sabor de vitória e de
derrota e sentimento de vingança.
Todos os jogos de equipes foram alicerçados nas artes das
guerras. Todos os movimentos são de guerras. Todos os objetivos são de guerra.
Todas as conquistas são de guerra. Todos os troféus são de guerra. Se hoje não
há prisioneiros das guerras dos jogos, os simpatizantes que torcem pelo
inimigo, serão meus prisioneiros. Como nas guerras, não devo fazer tudo que
quero com eles, mas posso, por força do livre
arbítrio, fazer mesmo assim. Se você que estiver escutando uma partida de
futebol pelo rádio, se convencer mentalmente que só quer ouvir o que o narrador
diz abstendo-se de que é um jogo, se dará conta que todas as descrições dos
movimentos é de uma batalha em que hora um ataca ora outro. Haverá inclusive as
infrações comuns às guerras: atos que ferem a lisura dos jogos por infringirem
normas internacionais...
Uma passada por alguma rede social e veremos exatamente o
que descrevo. Achincalhe com os adversários, gritos de “guerra”, ameaças...
Misturem-se álcool e algumas mentes já problemáticas e teremos o ambiente pré-desenhado.
Na multidão sou mais forte. Na multidão não preciso temer. Na multidão a minha
vontade prevalece. Na multidão me vingo de um mau resultado. Na multidão posso
ser irracional e colocar minhas neuras para fora.
Esse comportamento se observa em todos os aspectos da vida
social. Basta alguém postar alguma barbaridade, que o primeiro impulso é
compartilhar, sem senso crítico por mínimo que seja. É o grito de fogo/tiro na
multidão. A irracionalidade mais primitiva aflorando. Olhem o que se diz da
diminuição da maioridade. Olhem o que se diz dos políticos. Olhem o que se diz
da pena de morte. A razão está presente? Com certeza não. Não nos detemos para pensar.
Não analisamos se é o que nos foi ensinado. É só emoção. É só o fígado se
manifestando. Nem é o coração se manifestando, pois neste órgão muitos depositam um pouco de amor e compreensão... É a Lei de Talião habitando mentes ultrapassadas...
Então, fazendo um paralelo entre torcidas e ambiente dos
jogos com os ambientes que nos cercam, o
que acontece antes, durante e depois dos jogos não é a execução dos atos de
agressão verberados?