Depois de fazer um arroz com carne( atenção não é carreteiro,
como tinha um bom bocado de arroz pronto.
Tinha um bocado de carne, fritei, temperei, misturei com o arroz e saiu
o arroz com carne, depois dou a receita) relaxei e sentei à frente da TV para
assistir uma reportagem sobre um tiroteio havido na capital.
Vila Cruzeiro. Desde sempre em conflito. Desde sempre
envolvida com o tráfico. Desde sempre exportando violência. A reportagem trouxe
boas respostas da comunidade frente ao problema. Mas o fulcro da reportagem foi
o medo e uma pretensa ordem de recolher.
“A população está com medo!” afirmou o repórter. “ Não estão mandando as
crianças para a escola!” Sobre o Postão
de saúde “Está funcionando mas irá fechar se houver problemas!” E aí no
complemento da matéria e do encerramento do jornal, uma entrevista com o
Secretário Estadual de Segurança.
Cerco total tentando dirigir a entrevista para o caminho do
caos e da violência. Respostas firmes que desdisseram tudo o que foi dito. Foi
explicado que a ação do estado foi
imediata e que não havia mais motivo de preocupação pois o estado está
presente e o ocorrido era extemporâneo.
Estamos vivendo em uma época em que a midiatite está se
sobrepondo à razão. Não escapam à
epidemia nem mentes abertas nem empresários, grandes empresários. A
coisa é tão encruada que mesmo diante de todos os indicadores estarem positivos
pensam que haverá confisco de poupança, pacotes de todos os tipos e outras
neuroses...
Você olha a tv, lê o jornal, houve as rádios, lê comentários
no face, e o mundo brasileiro está um caos, não há governo, a inflação atingiu
os níveis dos anos oitenta, a Petrobrás está quebrada e sucateada como nos anos
90, não há saúde, não há educação e como nesta reportagem a segurança inexiste.
Será?
Uma estorinha minha para definir o tipo de repórter, jornalistas,
mídias e afins que existem de há muito e por isso esses sentimentos de
guaipeca (gauchês: síndrome de vira-latas) estão tão arraigadas:
Final da década de 1980, início da década de 1990. Sempre na
semana farroupilha fazíamos um acampamento na Estatal Procergs (um ícone como
estatal e como vanguarda tecnológica). Houveram algumas greves antes, alguns
meses antes. No dia do ocorrido por aclamação fui eleito o Patrão do Dia.
Encarregado de receber visitantes, coordenar o pessoal e não fazer nada a não
ser comandar. Pois me apareceu um jornalista com cinegrafista e fotógrafo da
Rede Brasil Sul de Comunicações. Fotos e começaram as perguntas. O que estão
reivindicando?
Qual a proposta de vocês? O que pretendem? Acham que ganharão?
Já na primeira pergunta, percebi que o taura (grosso) não
havia entendido nada da minha explanação sobre a história do RS, da importância
para a nossa cultura, do amor que o gaúcho tem por sua história e etc e etc...
Comecei a gozar com sua cara. Estamos
reivindicando que os impostos sobre o charque sejam menores que os cobrados do
Uruguai. Nossa proposta é que o Rio Grande do Sul se separe do Brasil.
Pretendemos atacar quem nos atacar. Se ganharemos ou não é outra história mas
que vamos dar um susto no Imperador, ah isso vamos...
A risada foi geral e recolhidos os equipamentos, todos foram
embora. A entrevista não foi ao ar... Não tive meus 10 segundos de fama...