Meu inglês sempre foi
ruim. Minha intuição sim é melhor. Quando prestei vestibular na Unisinos
1973/74, optei por inglês mesmo sabendo nada. Sei ler e isso me salvou. O texto
de que derivaria todas as perguntas mencionava flag. Se a memória não me escapa
e nem me atraiçoa, falava da marcação por bandeiras nas comunicações entre
navios – claro que nos antigos à vela! Fui deduzindo e consegui responder boa
parte das questões.
Já na vida profissional, “os flags” eram marcações em dados
que nos interessariam, eram alvos de nossa pesquisa, eram o que os nossos
programas deveriam dar atenção, eram os dados que são importantes. Derivavam
sim das bandeiras navais.
Sempre levantei a bandeira de que corrupção, sonegação,
elisão, elusão e desvios afins, são pura e simplesmente casos para as polícias,
órgãos de fiscalização e justiça resolverem. Basta para isso que tenham
liberdade para resolverem sem óbices de espécie alguma. Principalmente
política. É soltar os cães de guarda, diria eu fantasiando.
É da natureza humana dos humanos de uma escala moral mais
baixa – mesmo que numa posição mais alta das castas humanas - desvios tentando aproveitar-se - via brechas
das leis, via
compadrios, via brechas criadas por sua influência, via compra de participação
criminosa – para aumento de vantagens econômicas pessoais ou de grupos de
pessoas de sua relação.
Isso é bíblico ( Judas case), isso é religioso ( vide
escândalos no vaticano, malas de dinheiro de pastores), é histórico (vide Roma
antiga com seus senadores), é brasileiro (vide a nossa história, com os
imperadores fazendo vistas grossas para os diversos tipos de desvios para
complementar a renda de seus funcionários graduados), isso é continuação de
governos nossos coniventes com o que acontecia quando não facilitaram com leis,
decretos e afins, o assalto (mudança na forma de contratação da Petrobrás, para
trazer um exemplo recente).
Ora, as leis que engessam as licitações públicas foram
criadas para isso mesmo: engessar, tornar padrão, tentar coibir desvios,
prevenir as ações que as corroem. Mesmo assim, pela ação de pessoas
inescrupulosas, tanto corruptores como corrompidos, conseguem agir. Há que melhorá-las, aperfeiçoá-las e não
afrouxá-las. Os mecanismos criados pelos últimos governos estão dando
resultados. Estão apertando todos. E os cães de guarda estão soltos.
Então essa bandeira de coibir mal feitos – para usar uma
expressão da moda – é minha e de muita gente. Mas essa muita gente toda quer
realmente acabar com as falcatruas? Os exemplos de pessoas com problemas iguais
ao que querem combater bradando aos quatro ventos “abaixo corrupção”! É lícito?
É o que realmente quer ver acontecer ou é seletivo em querer barrar a
“corrupção dos outros”? A sua, noves fora, nada? Não falo nem nas
corrupçõezinhas que cada uma pratica das
mais variadas formas de corruptelas cotidianas, pois mesmo que tenham tendência
de crescerem, estão firmemente arraigadas na alma humana e só muitas idas e
vindas para esta vida terrena o farão
evoluir. Mas falo de problemas
grandes. De pessoas com “pedigree”, com
vistosos postos, com posições de destaque na sociedade, seja na vida pública
seja na vida privada. Nesse contexto, políticos, empresários, detentores de
cargos públicos, figuras da polícia, Juizes pretensamente respeitáveis,
jornalistas, artistas, apresentadores, empresas da mídia hegemônica, cabeças de
movimento, aparecem nesse início de ano, como corruptos, ligados aos mais
diversos atos de investigação que os coloca ao nível dos piores bandidos da
face da terra pois que roubam dinheiro que é de todos e deveria estar a serviço
de melhorias de serviços públicos e não em contas no exterior.
Falando em exterior, sabemos de sua influência nos movimentos ora em andamento no nosso país. Além de externarmos nossa inconformidade com "isso tudo que está aí", devemos alertar, difundir, mostrar, gritar contra as "flags" estrangeiras que estão tremulando livres leves e soltas nas hostes que tentam a moralização seletiva do nosso país. SMJ