COSTELÃO DE NOVILHA

COSTELÃO DE NOVILHA
A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O fetiche de Jacarta

 

O fetiche de Jacarta
Não se deve depreciar o potencial destruidor do bolsonarismo
Luciano Martins Costa
A leitura das principais publicações do País, a audiência de podcasts jornalísticos e dos programas de análise política do rádio e da TV deixam a impressão de que o presidente da República não se incomoda nem um pouco com as críticas, mesmo aquelas feitas em tom de deboche e de alta agressividade. É como se ele não apenas tolerasse, mas parece receber tais agressões com enorme prazer, como parte do preço a pagar por um projeto inconfessável.
A outra alternativa para entender esse comportamento seria considerar que Bolsonaro enlouqueceu.
Sim, de fato o presidente dá sinais de que transita num terreno muito próximo da insanidade. Mas não por esse comportamento. Bolsonaro age aparentemente como louco porque tem em mente um projeto que extrapola o campo do razoável. Bolsonaro e seus milicianos estão investindo num velho fetiche da extrema direita militar: a amputação do pensamento progressista da cena pública brasileira.
O desejo inconfessável
Em agosto de 1975, quando ainda estudante, participei de uma entrevista com o então comandante do II Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, para um jornal-laboratório da FAAP, em São Paulo. Foi a primeira vez que ouvi, de um representante das Forças Armadas, uma referência direta ao fetiche que alimentava a extrema direita militar, um conjunto de crenças e desejos que explicam em boa parte a mentalidade que dominou o período da ditadura e sobrevive, ainda hoje, nas fileiras do bolsonarismo.
D’Ávila Mello era integrante da chamada “linha dura”, que se opunha ao projeto de distensão “lenta, segura e gradual” então conduzido pelo presidente, general Ernesto Geisel. Sob a liderança do general Sylvio Frota, oficiais de alto escalão conspiravam abertamente contra as medidas que sinalizavam o caminho para o fim do regime de exceção.
Em determinado momento daquela entrevista, o comandante, irritado com uma pergunta de uma das duas colegas que estavam comigo na sala, disse claramente: “É por isso que vamos levar adiante a operação Jacarta. O comunismo está envenenando os jovens, precisamos conter isso”.
O que o havia irritado era a insistência dessa colega em discutir com ele se o Brasil vivia ou não sob uma ditadura. “O Brasil é um país democrático”, ele havia dito. “Todos têm o direito de ir e vir – eu mesmo acabo de viajar para Fortaleza e ninguém me impediu”. A estudante de jornalismo riu de sua platitude e argumentou com referências a prisões, censura, e foi interrompida pela citação emblemática sobre Jacarta.
Para ser muito claro, o general Ednardo d’Ávila Mello declarou, sem sutileza: “Vamos neutralizar dois mil comunistas aqui em São Paulo, que estão na imprensa, na televisão e nas universidades doutrinando os jovens”.
Uma morte no caminho
Dois meses depois dessa entrevista, que nunca foi publicada, o Doi-CODI de São Paulo, sob ordens diretas do general Ednardo, começou a prender jornalistas, professores, sindicalistas, quase todos ligados de alguma forma ao Partido Comunista Brasileiro. A operação só foi interrompida pela morte do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, que havia se apresentado espontaneamente para o depoimento e foi barbaramente torturado.
A reação que se seguiu ao assassinato, com manifestações de protesto de muitas entidades, inclusive de governos estrangeiros, suspendeu as prisões. Mas o projeto foi retomado logo em janeiro do ano seguinte, quando também foi morto sob tortura o operário Manuel Fiel Filho, que não era ligado ao PCB mas militava nas Comunidades Eclesiais de Base da igreja Católica.
Geisel trocou o comando do II Exército, mas o núcleo ligado à linha dura seguiu conspirando, até 1981, quando um grupo de militares organizou um atentado que poderia matar centenas de pessoas num show comemorativo do Dia do Trabalho, no centro de convenções Riocentro. Um erro do sargento encarregado de armar uma bomba no local onde se juntavam milhares de espectadores causou a explosão antecipada do artefato.
A intenção dos terroristas era causar uma tragédia e, com a ajuda de jornalistas favoráveis à ditadura, lançar a culpa em grupos de oposição, para justificar a reversão do processo de abertura democrática e colocar em andamento a tal “operação Jacarta”.
Por que essa lembrança agora?
O jornalista americano Vincent Bevins foi correspondente do Los Angeles Times no Brasil entre 2011 e 2016, tendo trabalhado antes para o Financial Times em Londres. Em 2017, assumiu a cobertura do Sudeste asiático para o Washington Post, com sede em Jacarta, Indonésia. No ano seguinte, ele começou a escrever a reportagem que, hoje, é uma fonte essencial para entender o Brasil sob o fascismo de Jair Bolsonaro.
Sua investigação rendeu o livro, ainda não publicado em português, intitulado “The Jakarta Method: Washington's Anticommunist Crusade and the Mass Murder Program that Shaped Our World”. Foi considerado por várias fontes o livro do ano de 2020. A obra relata como a CIA atuou na Indonésia, entre os anos de 1965 e 1966, criando condições para os assassinatos em massa de cerca de um milhão de pessoas, entre militantes do Partido Comunista, estudantes, professores, ativistas sociais e jornalistas que defendiam reformas no regime de governo e a modernização da sociedade.
A Indonésia passou a receber massivos investimentos estrangeiros e se transformou numa sociedade amorfa, dominada por uma casta militar, incapaz de produzir um pensamento original sobre si mesma. A inteligência foi eliminada.
O livro se estende a outros países, entre os quais o Chile, Argentina, Peru e Brasil, onde operações semelhantes foram executadas ou planejadas nos anos seguintes. Esse era o projeto do general Ednardo d’Ávila em 1975, ressuscitado em 1981 no Rio de Janeiro e ainda animando o núcleo fascista do atual governo brasileiro. Até 1987, por exemplo, o Doi-CODI seguia atuando, ainda que dissimuladamente, espionando os parlamentares constituintes, jornalistas e intelectuais, ainda na alimentação do fetiche.
Essa lembrança é relevante porque Jair Bolsonaro e os militares que servem ao seu governo, quase sem exceção, representam o que resta do núcleo do Exército que tem saudades da ditadura. O general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, que, quando capitão, foi ajudante de ordens de Sylvio Frota, é o chefe do Gabinete de Segurança Institucional do atual governo. Em muitas posições estratégicas há militares com semelhante perfil antidemocrático.
Desejo de matar
Nas entrelinhas das ameaças que o presidente continua a proferir semanalmente rosna o fetiche ensandecido: nas milícias bolsonaristas, acalanta-se o desejo de cortar as cabeças da oposição progressista e de esquerda, eliminar o pensamento crítico, reduzir à insignificância a massa crítica da sociedade.
Mas a matemática da insanidade também é inflacionada: em 1975, o então comandante do II Exército calculava que a eliminação de 2 mil comunistas tornaria mais fácil a vida da ditadura. Em 2019, o deputado Eduardo Bolsonaro disse em uma rede social que é preciso “neutralizar com morbidade” 30 mil brasileiros que lideram essa oposição ou se destacam na disputa que rola nas mídias sociais.
Recentemente, os jornalistas Jamil Chade e Lucas Valença, da Folha de S. Paulo, revelaram que o “gabinete do ódio”, núcleo estratégico do atual governo, está tentando adquirir em Israel um programa de hackeamento, supostamente para ser usado na espionagem de candidatos oposicionistas durante a próxima campanha eleitoral.
Os dois jornalistas, principalmente Chade, passaram a ser ameaçados por milicianos digitais.
A agressiva reação da milícia indica que o objetivo não é apenas espionar candidatos: trata-se de nova tentativa de colocar em movimento a “operação Jacarta”, na ocasião em que, tendo perdido a eleição presidencial, Bolsonaro decidir detonar o caos no Brasil.
Os indivíduos que, neste momento, ocupam postos relevantes nas instituições da República, não podem continuar se omitindo diante da loucura anunciada. Não é aconselhável depreciar o potencial destruidor do bolsonarismo.
Qual seria, afinal, o significado de “neutralizar com morbidade”?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Atravessando Santa Maria da Boca do Monte

 


Pois saí da antiga Santa Maria Vista do Monte (Itaara-RS) para procurar umas peças pro meu mobiliário ganhado, numa manhã tórrida deste que é o pior verão em termos de calor (as estatísticas não mentem) na Santa Maria da Boca do Monte.

Além de não achar, fiquei com um tempão livre entre um horário de ônibus e outro, dentro do vulcão já extinto mas com fulgores de super ativo.

Mas mesmo assoleado(1) e sendo extraído meu suco através da pél(2), meu senso de observação não ficou sufocado.

Durante todo o trajeto entre a ponta da Rua do Acampamento e o extremo da Avenida Rio Branco, contei 5 pessoas muito competentes no seu empreendedorismo vendendo lanches/doces/salgados/líquidos acondicionados em caixas de plástico ou isopores. Com vestimentas simples mas limpas e alinhadas, desafiavam a pior calçada, por ser batida direta pelo sol inclemente.

Muitas pessoas simples/humildes(3) em filas estendidas ao sol esperando alguma migalha  governamental (entreouvido en passant) na Caixa federal.

Noutro banco, umas 30 pessoas amontoaram-se na sombra da marquise do prédio esperando sua vez de ser atendido e fugindo dos raios fogosos do sol.

Se evitar aglomeração era a função da fila no exterior do banco, esta não foi cumprida nos dois bancos. Até para dar algum benefício ou realizar um atendimento banal, o status quo sacrifica seu povo.

Em chegando à porta do supermercado, fui abordado por um senhor que educadamente me pediu que comprasse um pão e uma fatia de mortadela (4) pois estava com fome e me  mostrando um saco de ráfia com algumas pets e latinhas, disse que hoje estava difícil e com certeza até o meio-dia não tiraria dinheiro suficiente. Estava pedindo que eu comprasse pois queria dar certeza para mim de que não era para outro fim. Esqueci até do que ia comprar. Comprei uma embalagem com poucas fatias de mortadela e outra com 3 pães(5). Me liberei do caixa e entreguei a sacolinha para ele. Com um sorriso de orelha a orelha, não sabia como me agradecer...

Sentado em frente ao meu pc, vendo minha “time line” me deparei com uma postagem do amigo Miguel Ângelo Monteiro que trazia um pensamento de “Café com Música e Filosofia, por favor”, que dizia:

O POBRE SÓ NÃO ESTÁ PASSANDO MAIS FOME PORQUE OUTRO POBRE ESTÁ SEMPRE AJUDANDO. A VERDADE É ESSA!

1 -Significado de Assoleado

adjetivo, substantivo masculino[Regionalismo: Rio Grande do Sul] Aplica-se a qualquer animal que teve o aparelho respiratório comprometido em razão de marchas forçadas ou muito trabalho em dias de calor.

2 – Pél – Pele. Usada a primeira vez no dito popular “Como é difícil tirar a pél do pesco (pêssego)(gauchês).

3 – pessoas simples/humildes – Só o povão entra em fila de banco. Quem tem muito, tem outras opções de atendimento, sem sacrifícios.

4 - um pão com mortadela – Símbolo de luta do PT.

5 - Embalagens com pouquíssimas unidades: Sinal dos tempos. 

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

SEPARANDO O JOIO DO TRIGO

 Ao meu amigo facebuquiano Major Paulo Tito

Meu possível deputado favorito, me permita discorrer sobre sua atual atividade no seu sítio. Vi uma postagem dessas que fazem para defender o Agro business em que apareciam 4 fotos de produtos da agricultura familiar e uma mensagem que dizia, mais ou menos assim: “O dia que o povo comer pedra e beber petróleo vão dar valor ao Agronegócio”. Discordei e lembrei do amigo que pelo nível cultural já reparado por esse simples escriba, já sabe sobejamente disso que dissertei

Vamos separar o joio do Trigo.

No final da década de 1950 e inicio da década 1960 começou a ser implantada a cultura da Soja. Tínhamos as pequenas propriedades como maioria de estabelecimentos rurais. Plantavam e produziam de tudo. Mas de tudo mesmo. Só compravam tecido e sal. O resto todo que precisavam, produziam. Eram chamados de colonos fortes. Sabemos que com 50 ha não tem como plantar duas culturas somente. Por exemplo: trigo e soja ou trigo e milho. Também sabemos que pra culturas extensivistas como é a Soja, há necessidade de maquinário e aí vem a quebradeira geral ocorrida na década de 1960. O minifundiário se atracou a comprar trator e equipamentos (financiados), largou os seus bois vendeu vacas, porcos e galinhas, desmatou o que restava de mato e dele soja até na porta de casa. Só que mesmo com uma safra espetacular o valor produzido não cobria custos com os empréstimos feitos nos bancos ou sobrava muito pouco para suporte financeiro da família no resto do ano. Quebradeira geral com os bancos tomando as terras e gerando o famoso Êxodo Rural. Muito pouco sobrou de pequenos agricultores familiares. Os lindeiros que podiam, arrematavam em leilões as terras dos inadimplentes. Há hoje uma divisão muito clara dos dois tipos de proprietários rurais. Os granjeiros ou estancieiros e os agricultores familiares, normalmente dedicados a esses produtos que está na foto. Isso alimenta o povo. Se eles caírem e pode acontecer devido a falta de financiamento para esse segmento, os lindeiros de hoje, comprarão para aumentar sua área de culturas extensivas. Se isso acontecer, iremos comer pedras e beber petróleo. SMJ, ou Salvo Melhor Juízo. Abraços fraternos de Ano Novo

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Carta ao Lula

 Dolores Pineda

2 de janeiro às 12:53 ·
LULA, EU NÃO ME FILIEI AO PT. (Por Eliézer dos Santos Oliveira)
Lula
Eu votei no PT, eu votei em ti, eu carreguei a bandeira no ombro indo para a faculdade ouvindo toda a espécie de xingamento, eu fiz inimizades por causa de discussão política, eu vibrei com cada vitória do Partido dos Trabalhadores, eu defendi com unhas e dentes os governos do PT - e ainda assim, não me filiei ao PT.
Lula
Eu sempre disse que o PT é o maior partido de esquerda de nossa história nacional e que tu és a maior liderança política da América Latina e uma das maiores do mundo. Eu apoiei esse partido e os seus candidatos, fiz campanha política para cada um deles, acompanhei-os nas derrotas e nas vitórias, nunca entrei junto pela porta do palácio, nunca sequer entrei oficialmente no partido porque julgava precisar de certo distanciamento crítico, e, por essas razões, não me filei ao PT.
Lula
Quando o PT deu uma guinada da esquerda para uma postura centro-esquerda, quando fez do socialismo mais um valor do que um projeto eu não aguentei. Passei a votar e a fazer campanha para políticos e partidos que, em tese, estavam mais à esquerda do PT. Algo que não era fácil de ser feito já que muitas vezes percebia o quanto a direita gostava de usar o discurso feito pela “esquerda mais radical” para criticar o PT, justamente, por aquilo que ele ainda tinha de esquerda. Ainda assim, não teve segundo turno que eu não tenha votado no PT, nem tenha deixado de fazer campanha aberta, pública, combativa em prol do PT, e claro, nesse tempo de duros embates, eu não me filei ao PT.
Lula
Nos governos presidenciais do PT eu fui um grande crítico. Achava e continuou achando que os governos do PT deveriam ter feito mais, deveriam ter colocado o dedo na ferida, transformado a estrutura econômica (tributária, política, midiática, ideológica, fundiária...) deste país. Os importantes programas sociais e os elevados investimentos em políticas públicas eram louváveis, mas me pareciam meros paliativos, próprios de quem não queria aprofundar a transformação estrutural do país. É claro que eu os defendia da crítica elitista da direita branca que não aguentava ver o povo ascendendo socialmente. É claro que eu vibrei com a expansão dos direitos sociais básicos, é óbvio que era bom viver num país que expandia a educação, a saúde, a moradia, o saneamento..., mas como eu achava que ainda era muito pouco, eu não me filei ao PT
Lula
A partir do final do primeiro governo da Dilma eu acendi uma luz de alerta no meu censo crítico. O que o PT fazia era muito pouco, pensava eu e muita gente de esquerda, muita gente do próprio PT, entretanto, isso que nos parecia pouco já havia ultrapassado o limite de inclusão social suportado pela elite nacional (racista, elitista, homofóbica, machista, entreguista). As reiteradas críticas da mídia burguesa, os ataques de ódio dos coxinhas, o alarde feito pelos políticos golpistas, o alto investimento dos EUA para criar grupos de combate ao PT, a ação da burguesia nacional para não reeleger e depois para derrubar a Dilma me ensinaram algo importante: Se o PT não tinha feito tudo aquilo que queríamos, certamente já tinha feito muito mais do que a direita nacional tolera. E graças à dialética, a direita me ensinou a ver o que eu não conseguia ver com os olhos da esquerda. A direita me ensinou, pelo reverso, o quanto, no atual contexto de nossa história nacional, o ato de um pobre comer, de uma pessoa sem-teto conquistar uma moradia, de um filho de faxineira se tornar médico, de um negro ser colega de universidade de um branco, de um trabalhador andar de avião ou comprar o carro zero, de um professor tratar sobre “gênero” na escola... são, no atual momento histórico concreto, atos revolucionários. Ainda assim eu não me filei ao PT.
Lula
A vida se tornou difícil no pós-golpe. Retrocedemos. Perdemos direitos. Investimentos sociais foram cortados. Os ataques aos direitos trabalhistas não cessam. A corrupção se tornou normal e acontece a céu aberto para salvar o ilegítimo de perder o seu governo carcomido pelos abutres que financiaram e deram o golpe contra o PT, contra a Dilma, mas, sobretudo, contra a classe trabalhadora. A direita sabe (a mídia burguesa, a polícia federal tucana, a justiça burguesa, os partidos de direita, os golpistas, o imperialismo, a burguesia nacional, os coxinhas, os banqueiros, a classe média alta, os fundamentalistas religiosos, os racistas, os homofóbicos, os machistas, os defensores da ditatura militar, o agronegócio... enfim, todos eles sabem) que tu podes estragar os planos deles. Quanto mais batem em ti, mais cresces nas pesquisas. Nenhum candidato da direita decola. Os outros partidos de esquerda não têm candidato para o páreo eleitoral (na melhor das hipóteses, se juntar todos não chegam a 5% dos votos). E por isso te querem destruir moralmente, te impedir de ser candidato, te prender, impossibilitar que tu governes. Sabendo que apenas o Lula do PT poderá derrota-los eles apontam as armas para ti e nós, que precisamos derrota-los, vemos em ti a nossa melhor esperança. Por isso, eu tenho te defendido como alguém que é filiado ao PT, ainda que eu não seja filiado ao PT.
Lula
Sei que em caso de vitória eleitoral não será fácil para ti governar. Não espero que num novo governo teu tu sejas capaz de dar aquela guinada bem à esquerda que gostaríamos. Mas sei que enfrentarias tudo o que o governo do golpista aprovou, sei que revogarias o que foi aprovado, sei que melhorarias a vida do povo. Se eu pudesse te pedir uma só coisinha seria essa, faz o que fizeste, mas tencione um pouco mais as coisas à esquerda. Temo que o golpe iniciado se consume com a ilegítima impugnação de tua candidatura, ou com o golpe do parlamentarismo que te impeça de governar, ou com qualquer outra proeza indiscreta que a direita brasileira sabe fazer. Por isso estou lutando com todas as forças na defesa de tua candidatura, dizendo aos quatro ventos que “ELEIÇÃO SEM LULA É FRAUDE”. Luto como um filiado, ou melhor, mais do que muito filiado ao PT, ainda que eu não seja filiado ao PT.
Lula
O fato de cada santo dia ter que assistir, as vezes de forma aberta, noutras de forma sútil, as mentiras que inventam a teu respeito, sem apresentarem nenhuma prova... o fato de tu seres a pessoa mais bem investigada em toda a história do Brasil e até agora não terem apresentado nada além de convicções ideológicas previamente definidas sem o devido julgamento justo e imparcial.... o fato da direita bater tanto em ti... só nos trazem uma certeza: tu és o candidato que a direita teme e treme, porque tu és tudo o que ela não é, tu és tudo o que ela não quer.
Lula
O conjunto de algumas discordâncias ideológicas que eu tenho para com o PT, o meu estilo mais livre quase-anárquico, a minha necessidade de um certo distanciamento crítico do partido até hoje me impediram que eu me filiasse ao PT. Porém, dado o momento crítico no qual estamos vivendo, ainda que eu não seja filiado ao PT eu estou lutando com todas as minhas forças contra o golpe em curso;
Lula
Frente aos inúmeros ataques desumanos que sofres, diante dos golpes covardes que atentam contra a tua reputação, perante as atitudes sacanas de quem te quer humana e politicamente destruído, antes as manobras imorais e antiéticas que assistimos todos os dias, de tanto ouvir os discursos cínicos e descabidos de quem quer te desqualificar, presenciando a perseguição implacável que movem contra a tua pessoa pelo fato da tua pessoa representar a classe trabalhadora (que eles querem sempre explorar mais e mais, e ainda mais...), vendo o que fizeram com a tua família, sobretudo, com a Marisa, conhecendo as reais intenções de quem prega moral de cuecas sujas, diante de tanto ódio que movem contra ti e contra quem te defende, Lula, ainda que eu não seja filiado ao PT, me dá uma vontade danada de me filiar.
Lula
Estarei em Porto Alegre no dia 24 de janeiro, lutando pela democracia, lutando pelo Brasil, lutando pelo futuro de meu filho, nesse momento crucial de sua história, nesse momento tão importante de nossa história nacional. Eu pensei bem antes de dar esse passo de filiação, mas apenas a luta nos espaços não-partidários não é mais suficiente, o que incomoda mesmo a burguesia e seus aliados (coxinhas, imperialismo, grande mídia, judiciário golpista...) é o fortalecimento do PT e eu, depois de muito refletir, estou disposto a isso.
Lula
Muito provavelmente tu não irás ler essa longa carta, mais provável ainda que nos encontremos, mas eu não me incomodo tanto que a gente não se veja e não se fale, porque eu sei que a grande parte do nosso povo também gostaria deste bate papo contigo e também não conseguirá (por razões óbvias de tempo e espaço) concretizar esse sonho. Somente em saber que estou junto deste povo sonhador eu já me dou por contente.
Lula
Boa Luta companheiro, tu não estás só, nós estamos contigo, porque confiamos que tu estás conosco.
Eliézer dos Santos Oliveira - Professor de filosofia do IFSul – Câmpus Santana do Livramento – RS.
Postado por Dimas Roque às 29.12.17
Doris E. Villalba, Lucia Berenice da Silva e 1 outra pessoa

domingo, 2 de janeiro de 2022

O Agro é Tech? O Tech é Pop?

 No agro seu feisse. No agro, nisso que estou pensando. Hoje, depois de muitos anos, vi reportagens do Globo Rural. Sobre o agro. Duas reportagens que trazem duas situações diferentes. Antes disso, quem sou eu pra falar sobre o agro? Não entendo nada da cultura do Soja. Quando recém estavam implantando as lavouras dessa oleaginosas eu já tinha saído da Escola Rural em que fazia o curso de Técnico Agrícola. Conheço a cultura do milho e do trigo. Conheço as culturas das olericulas. Conheço práticas alternativas para potencializar com práticas orgânicas, os solos. Sei fazer solos pobres tornarem-se ricos. Fui um dos primeiros criadores de minhoca vermelha da califórnia no RS. Me interesso por técnicas que são trazidas pelas instituições de desenvolvimento agropecuário como um todo. Então não é só o conhecimento de como plantar, adubar, colher. Em que isto está inserido? Qual é a preocupação com meio ambiente? Quais recursos que posso tirar dele, sem agredi-lo? Que posso fazer para potencializar esses recursos e melhorar a meu favor? Que técnicas posso usar para não depender dos humores do clima? Em uma palestra que dei na Escola Técnica de Agricultura em Viamão - RS, provoquei um auê entre os professores da área da Bovinocultura com a afirmação de que cuidava melhor do meu gramado(que somente me dava prazer, sem nenhum retorno econômico) do que os pecuaristas da região com solo sobejamente pobre. Questionado sobre como poderia fazer frente ao problema, coloquei que abandonar a pecuária extensiva pura e aos poucos implantar piquetes para fazer rodízio com a gramínea utilizada na região. Investimento em cercas, água, e uma passagem de roçadeira por dia no piquete que foi utilizado. Isso daria uma terminação de 10 vezes mais por hectare. Mas por que não investem? É mais fácil deixar o gado em uma lotação de um boi por 1,5 hectares, tomando água no banhado e pastando pastagem ruim e levando 2 anos para terminar. Não precisa manejo a não ser aquele obrigatórios como a vacinação. Normalmente fica muito mais difícil esse manejo pois o gado não está acostumado (xucro).

Isso posto, cartão de visita apresentado, voltamos ao assunto GR.
A primeira era sobre a irrigação de lavouras de soja. Com técnicas de ponta (energia solar, mini estação meteorológica, sistema de TI integrado dos dois anteriores para melhor utilização dos recursos hídrico e energia elétrica.
A segunda, sobre a seca no sul, área grande produtora de soja e milho. Sem tecnologias. Quebra nas safras.
Trago uma outra reportagem para evidenciar o grau de profissionalismo em quem realmente quer se dar bem na Agricultura (não a pop): em uma fazenda produtora de leite: proteção das bezerras para que não passem frio, chuveiros para vacas lactantes para minorar o calor, ventiladores, bolas coloridas para elas brincarem, cama espessa confortável (depois vão para adubo das pastagens e plantações) e tchan, tchan, tchan: Soutien Para as Holandesas com úberes enormes.