Os gáuchos tem algumas particularidades na arte de capar cavalos.
A que seria mais indolor e humana, seria anestesiar o animal e num ambiente cirúrgico, imolar a natureza procriativa do mesmo. Não é usada. Como é um animal não merece a consideração dos ditos humanos.
A mais usada é a sujeição do bicho via tombos, maneias, pés no pescoço, um agarro sucessivo em cada um dos testículos, um corte superficial na pele de maneira a permitir a sua saída e extirpar com um corte com a faca carneadeira.
Do mestre da poesia nativa gáucha, Jayme Caetano Braum, uma ode ao sacrifício tradicional da masculinidade dos potros:
"Remorso de Castrador
Um pealo, um tombo, um grunhido
de impotente rebeldia.
O sangue da cirurgia,
na faca e no maneador!
Nada pra estancar a dor,
do potro que sem saber,
perdeu a razão de ser,
na faca do castrador!
Há uma bárbara eficiência
nessa rude medicina.
O sangue é limpo na clina
que alvoroçada revoa!
Pouco interessa que doa:
a dor faz parte da vida!
Há de sarar em seguida
desde guri tem mão boa"
Há um terceiro tipo de castração, também muito pouco usado: o garroteamento. Este consiste em utilizar um aro de borracha envolvendo o escroto, logo após os testículos, de modo a impedir a circulação. Os testículos caem apodrecidos.
A castração serve para apaziguar o instinto do animal que de outra forma se rebelaria de maneira mais violenta na hora da doma.
Diante do cenário político do Brasil, vemos um cavalo velho enfurecido e , mais do que isso, acuado pelos próprios desmandos e de sua prole. Temos que lhe colocar um freio e lhe tirar as bolas para que a volta à normalidade seja a mais pacífica possível. Como se dará isso?
Nem quem lhe deixou aflorar os instintos redomões não sabe como fazer. Por enquanto estão só lhe cercando, dando-lhe açoites aqui e acolá mas agora estamos na fase em que a tropa onde se acoita gostou da postura de garanhão rebelde e bufa em resposta. Ou pealamos de sopetão, de cucharra, mas de olho no resto da tropa, ou teremos que castrar um a um num esforço hercúleo. As duas opções darão muito trabalho e com certeza haverão baixas de ambos os lados numa refrega que nunca houve no Brasil e, talvez, com isso, tenhamos um sentimento verdadeiro de Pátria.
Então, estamos adiando a solução cirúrgica, com anestesia e todo o aparato para uma cicatrização da pátria, por veleidades da esquerda, pelo não saber o que fazer de quem sabia de que se tratava esta governança espúria e onde nos levaria e por fim, quem deveria estar realmente cercando o cavalo doido, o povo, que está anestesiado e nem sabe o que está acontecendo.
Quem poderia fazer a castração tradicional com os elementos legais a lhe dar apoio, titubeia, temeroso da rebeldia da tropa, cuja infiltração em suas forças, lhe deu poder inimaginável. Não creio que o façam à sombra de um potro de sobre ano (cabo) e dois potrilhos nem bem desmamados (soldados).
Por fim a terceira via, vislumbrada por quem tem saber notório e ter sido criado no campo. Como bom campesino vê na própria arrogância do cavalo velho a sua derrocada. Dará pouco trabalho dar-lhe um pealo, colocar-lhe a argola de borracha e deixar que o próprio organismo estirpe ou rejeite dolorosamente o que nos aflige. Haverão muitas baixas ainda por conta dos manotaços diretos oriundos de suas ações e muitas mais por suas omissões (Covide 19)
Há figuras, entidades e atores envolvidos nesse espectro político que cabem em cada uma das soluções.
E o povo? Ah o povo. Está anestesiado pelo anestésico que deveria ser aplicado no Cavalo Velho!
Até 2013 tinha sob meu comando 6 blogs onde tratava de vários assuntos que enfocavam vários de meus interesses. Por vontade própria, foram deixados de lado por motivos de foro íntimo. Retorno como blogueiro, trazendo como sempre fiz, assuntos variados, mais comedido mas ainda interessado na verdade. Escolhi como título o "Churrasqueiro" por que, para o gaúcho, o ambiente da churrasqueira é propício para a colocação e discussão de todos os assuntos.
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