COSTELÃO DE NOVILHA

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A PROVA DE QUE APRENDI A ASSAR...

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Arroz de China Pobre



Todos falam também em arroz de puta pobre, como se puta fosse sinônimo de china. Não é. China é sinônimo de Prenda, é mulher, irmã, mãe, prima, vizinha, amiga de um gaúcho.  Se a china é puta, é outra coisa. Não misturem!

Mas voltando para as panelas. O arroz de China Pobre, é um arroz que conjuga os diversos tipos de linguiça com o arroz. Um pouco de banha de porco, duas pernas de linguiça cortadas em rodelas, um pouquito de sal para acertar o tempero e água. Panela de ferro no fogão à lenha, apinche a linguiça para fritar na banha quente, quando bem frita largue o arroz, mais ou menos na proporção da linguiça, deixe refogar um pouco e despeje o dobro da medida do arroz de água,  deixe ferver e pronto. Não ficará molhadinho pois não é da receita.
Essa é a receita original. As outras vieram depois com a facilidade de se conseguir temperos, cebolas, alho, tomate, tempero verde e óleo de soja.

A primeira, quando ia plantar, acompanhar ou colher trigo ou milho no Alto da União (vilarejo entre Cruz Alta e Ijuí) era a comida que eu e meu pai levávamos para ser a nossa refeição. Terra natal de minha mãe e lugar onde se aquerenciou meu avô Felício depois que separou-se do pai em Santiago. Gente simples que nos acolhia, sem posses, ficavam alegres com a comida “diferente” . Acredito que se fome não passavam, a sua comida era mais simples ainda. Isso acontecia quando tinha de 6 a 10 anos. Em torno de 60 anos atrás.

Pois hoje fiz  e as lembranças borbulharam.  Vieram fortes. A quebra do milho, a foicinha no trigo, o carregamento das medas até a trilhadeira, o seu barulho infernal, o armazenamento das espigas de milho no galpão da olaria, o transporte feito por um mameluco e sua carroça puxada por parelha de mulas muito bem tratadas, o armazenamento no galpão de casa, a tarefa de debulhar o milho, de levar trigo ou milho ao moinho para as moagens... Imagens como se fossem fotos. Melhores que fotos. Já viram que as imagens das fotos que hoje fazemos, ficam nas fotos? Como se fossem nossa “memória” auxiliar. Só as manuseando é que lembramos onde e quando?


Tive o prazer de viver esse tempo. Boas lembranças. Mas costumes e dificuldades ficam para trás hoje está muito mais fácil de viver.

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