Fé pressupõe aceitação de tudo que não entendo. De tudo que
não vejo. De tudo que não sinto. De tudo que não tem por que dar certo. De tudo
que me dizem que devo acreditar.
Aí começam os
problemas.
Se eu não entendo por que devo aceitar? Se tudo não vejo
acontecer, porque devo aceitar? Tudo que não sinto, devo aceitar? Tudo que não
vai dar certo, devo aceitar? Tudo que me dizem, devo aceitar?
A dúvida é que move o
mundo e traz novas formas de entendimento. Não fosse assim, ainda estaríamos
aceitando que o mundo é quadrado e que logo ali termina e há um abismo. Ainda
aceitaríamos que o sol gira em torno da terra.
Ainda aceitaríamos a submissão das mulheres com o consequente poderio
dos homens. Ainda aceitaríamos tudo que vemos errado no passado como se acerto
fosse.
A fé mata.
A fé levada ao
extremo nos faz acreditar que mesmo fazendo as maiores atrocidades, estamos
agindo certo. Nos leva a crer que somos superiores a outros segmentos, a outros
pensamentos, a outros credos, a outras formas de vida, a outros seres humanos e
suas vivências.
Se aceitasse a fé incondicionalmente, não aceitaria a vida
como um laboratório da vida extraterrena. Não poderia ter tido as experiências que tive
. Não. A fé tolhe. A fé não permite que
haja outros caminhos, outros pensares, outras verdades. A fé nos encerra numa
mesmice que não nos leva a caminho nenhum. A fé não permite que os
conhecimentos sejam sobrepostos aos pressupostos que nos impingem. A fé cega e
não nos deixa ver além do nariz.
“É isso que eu boto fé e não arredo o pé”.
Olhe que não estou falando de religião. Religião que não me
deu respostas quando precisei pois calcada em fé.
No momento em que, por qualquer motivo, temos fé que vai
acontecer alguma coisa, sem embasamento de um pensamento crítico abrangente,
estamos focando em quimeras. Em falsas promessas, e mentiras, geralmente.
Depois?
Depois perdemos a fé
nas pessoas. Em todas as pessoas.
E todas em que não temos fé, se tornam más aos nossos olhos...
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