Pois não é que essa história do gatilho que traz lembranças, me pegou de jeito. A mulher assiste a novela do Rancho Fundo e eu dou pitacos e umas bispadas de quando em vez.
Acontece que a música existe desde 1931 e foi gravada e regravada por muitos cantores e cantoras. Foi vendida em 1989 como de Chitãozinho e Chororó pelo sistema fonográfico. Música linda, fez sucesso.
Mas como todo velho que se propõe a contar seus causos, tenho um bem interessante.
Num velho rádio de válvulas, que eu desmontava pra limpar, meu pai e minha mãe ouviam a rádio Tupi noite adentro. Era de cabeceira, não saía dali pra nada. Em torno dele ouvíamos as transmissões futebolísticas e era o nosso contato com o universo brasileiro. Claro que essa música fazia parte do que ouvíamos. Corria a década de 1950 e ela ficou gravada na memória.
O tempo passou, minha mãe enviuvou mudei para Porto Alegre, casei, tive filhas, divorciei e estava morando sozinho quando em uma noite chegando de um plantão da firma em que trabalhava, tranquei a porta do edifício de 3 andares e maldice quem deixou destrancada e me recolhi.
Na madrugada, um barulho na porta me despertou. Morava no 1º andar e ouvia tudo que se passava na porta. Nesse dia as duas filhas estavam comigo e dormiam no quarto e eu na sala. Então ficou mais fácil de ouvir. Batidas na porta e abri logo. Era meu sobrinho. Não tive dúvidas. -É a mãe? -Sim. Me respondeu. Nesse momento uma música começou a tocar na minha cachola.
Na ida para Ijuí, passei no centro de Porto Alegre para dar carona ao meu irmão e seguimos viajem.
Mais ou menos perto de Lageado, pra passar o sono, comecei a assobiar no rancho fundo. Meu irmão segurou com força o meu braço e perguntou: - Você está com essa música na cabeça?
-Desde que soube!Lhe respondi. Só não posso dar ele como testemunha, pois já é falecido.
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