Há leis que proíbem a venda e, consequentemente, a compra
dos votos. Dentro do possível, a Justiça eleitoral procura coibir e punir com
cassações de candidaturas e de mandatos. Mas há algumas transações nessa linha
que não é possível de se enquadrar como venda de voto como descrita na lei. São
o que chamo de venda coletiva de votos. Explico. Não importa para esses
negociantes o todo que rege um futuro governo grafado em um programa, mesmo que
seja peça de ficção e não se cumpra na totalidade. O que importa para eles é o
que leem sobre sua facção e se, mesmo correndo o risco de não ser realmente
contemplado, o que leem lhes satisfaça o mínimo possível. Não convenci? Vamos
ver alguns exemplos do que está acontecendo nesta corrida eleitoral.
Várias bandeiras estão esvoaçando nesta campanha. No rastro
dos protestos fabricados – sim foram fabricados exatamente para servir de base
para o que acontece agora – um leque de reinvindicações se formou de modo
embasar como de anseio público, os programas de governo.
Primeira bandeira. Transporte gratuito. Defendo o transporte
gratuito para (aí você escolhe operário, estudante, inválidos, idosos). Não vou
nem justificar que a maioria já está contemplada. Se eu pertenço a esses grupos
e não olho as outras propostas do candidato, estou vendendo meu voto pelo valor
do transporte gratuito. Quem pagará vai ser o governo via seus impostos... Que
gratuito é esse????
Bandeira LGTB. Institucionalização das causas via
presidência da República. Muito louvável e acho que se proteja sim, tanto a
união como as vidas destes. Sabe-se que a violência e intolerância tem que ser
combatidas como o foram a das mulheres, com legislação específica. Um porém que
levanto, um senãozinho que justifica o título desse escritinho: só isso para
justificar o seu voto? Assim como há LGTBs com situação estável como
empresários ou autônomos que não serão abalados por programas neoliberais,
existem os LGTBs menos afortunados que
são empregados e há LGTBs que vivem ou viveram abaixo da linha da pobreza e
dessa forma necessitam de políticas diferentes das neoliberais. Ao olhar só
minha condição não estou vendendo o meu voto?
Bandeira liberal. Há os que acham que a liberalidade deve
pautar os programas de governo incondicionalmente. Se alinham com quem os
contempla. Tenho vários amigos assim. Mesmo sabendo que os seus clientes precisam estar bem
economicamente, não olham para as bandeiras que estes empunham. Não estão
vendendo seu voto?
Os militares d’antanho. Com antigos governos não tiveram
rusgas. A situação incômoda que vivem com a comissão da verdade e a aparição de
suas mazelas os faz negociar os votos por um preço aviltado: uma pá de cal e o
primeiro que for contra a comissão da verdade leva!!!
E aí chegamos a todos os intolerantes. Eles só querem mudar
isso que está aí. Mesmo sem saber o que isso significa. Está tudo ruim. Não teem
sequer a ideia de que o ruim que aí está pode ser muitíssimo melhor do o bom da
mudança! Não vendem seus votos por não saberem o preço dele. Doam.
Irresponsavelmente, doam.
Certamente há mais tipos de vendas.
O meu voto tem preço. É alto. Meu voto irá para o candidato
que der continuidade ao desenvolvimento com inclusão social. Esse é o meu Preço: transmitir, aos meus
descendentes e aos descendentes de todos, um país mais justo e pleno de
cidadania.
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